Morre em Goiânia ‘A Princesa de Óculos’, aos 10 anos, por recidiva do câncer
Rafaela Raizer tinha 10 anos. A doença dela, um tipo raro de leucemia, moveu toda a família, inspirou o irmão a se tornar escritor, e motivou uma campanha para mudar limites de doações
Desde 2014 a menina Rafaela Raizer Landim Silva, 10, lutava contra uma leucemia rara — Filadélfia. Ela perdeu a batalha na madrugada do sábado, 6. Rafaela morreu no Hemolabor, em Goiânia. A doença de Rafaela inspirou o irmão, Alexandre Raizer, a escrever o primeiro livro. ‘A Princesa de Óculos’, título da capa, virou o apelido de Rafaela, que deu forças à família para fazer uma campanha na intenção de mudar o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Dedome). O Estado de Goiás não tem limite de perfis de doadores cadastrados, como os outros Estados da Federação.
Rafaela tinha hipermetropia e astigmatismo, e não queria usar óculos. Afinal, nenhuma história de conto de fada tem uma princesa com o acessório. Alexandre tinha sete anos, e escreveu ‘A Princesa de Óculos’ para convencer Rafaela, que passou a admitir o item.
Em 2015 a menina fez o transplante em São Paulo. Ela conseguiu 20- doadores compatíveis, mas o número só foi possível depois de uma campanha massificada pela família. Auditor fiscal, Eugênio César e a assistente Social Luciana Raizer, pais adotivos da menina, chegaram a buscar a família de Rafaela, mas não tiveram sucesso. A campanha ultrapassou as fronteiras do País, e se tornou internacional. O Redome, que limita a 21 mil doadores cadastrados para cada Estado, teve que mudar a regra, depois de um mandado judicial.
A menina retomou atividades que haviam sido interrompidas pelo tratamento. Em março, Rafaela passou mal. A recidiva deu à família o desespero de volta, porque ela já havia feito o transplante, então era preciso passar por sessões de radioterapia e quimioterapia novamente. Na quinta-feira passada ela se sentiu mal, e foi internada.
O velório e sepultamento aconteceram horas após a morte, de forma reservada.