Morre goiano responsável por obras do Congresso e da Praça dos Três Poderes
Creso Villela morreu em casa, aos 95 anos
O goiano e ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Creso Villela, morreu na sexta-feira (3), aos 95 anos. Ele foi o responsável por obras do Congresso Nacional, em Brasília, e da Praça dos Três Poderes, em Goiânia.
Creso estava em casa, na capital federal, quando morreu. A despedida acontecerá em uma cerimônia restrita a familiares atendendo a pedido escrito deixado por ele. A cremação do corpo acontecerá no domingo (5).
“Creso Villela foi uma referência de empresário, líder sindical e ser humano. Sua partida deixará um vazio na história da cidade, especialmente na construção civil, mas também um enorme legado para as pessoas que o conheceram e para o setor seguir cada vez mais forte com seus ensinamentos”, disse o atual presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior.
Entre os familiares, ficam as boas memórias. “Uma pessoa singular”, disse o engenheiro Eduardo de Oliveira Villela, de 62 anos, um dos sete filhos de Creso, fundador da construtora Villela e Carvalho, que está na terceira geração. Ele deixa outros seis filhos: Jerônimo, Mônica Beatriz, Ana Lúcia, Claudio, Paulo e Ana Paula, além de dezenas de netos. “Um encantador de pessoas”, afirmou Claudio sobre o pai.
“Ontem [sexta-feira], às 17:35, descansou meu avô doutor Creso Villela. Expirou dormindo e sem dores”, contou o engenheiro civil Vitor Villela, um dos netos do patriarca da família. “Será para sempre um ícone de pioneirismo e engenharia pura na construção civil e no mercado imobiliário da cidade”, acrescentou.
História de vida
Creso Villela nasceu, no dia 17 de janeiro de 1929, em Jataí (GO), município fundado pelo seu tataravô e onde, 26 anos depois, Juscelino Kubitschek disse, publicamente, pela primeira vez, que a capital do país seria construída no interior do Brasil. O anúncio ocorreu durante um comício de sua então candidatura a presidente da República.
O fiscal de obras do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes passou parte de sua infância em Catalão, a 540 km de Jataí. Depois, aos 12 anos, foi morar com um tio no Rio de Janeiro para investir ainda mais nos estudos. Ainda criança, dizia que queria entrar para a aeronáutica, mas, ao terminar o colegial, o pai não o autorizou a entrar no cadastro de reserva.
Creso Villela veio para Brasília em 1958, um ano depois de se formar engenheiro arquiteto, título concedida pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, aos 29 anos. Viveu o auge da construção da nova capital federal. “Nossa arquitetura moderna estava em pleno prestígio e evidência mundial”, disse ele, em uma ocasião.
Em 1959, Creso Villela foi contratado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e, com sua esposa, Ernestina, conhecida como Tininha, morou em um acampamento onde hoje fica o estacionamento do Senado. “Brasília foi um canteiro de obra extraordinário para mim”, conta ele, cuja primeira função foi fiscalizar as obras do Congresso Nacional.