Morre idoso que tinha sido dado como morto por engano e levado para funerária ainda vivo
Irmã contou que José ficou em um saco plástico por 5 horas até que fosse descoberto que ele estava vivo.
O auxiliar de serviços gerais José Ribeiro da Silva morreu nesta quinta-feira (1º), em Rialma, no norte de Goiás. A informação foi repassada pela irmã dele, Aparecida Ribeiro da Silva. No início da semana, a mulher denunciou que o irmão tinha sido dado como morto, mas a família descobriu que ele estava vivo ao ser encaminhado para a funerária.
O delegado Peterson Amin informou que a causa da morte foi hipotermia. O fato deverá agravar a responsabilidade do médico que atestou a morte de José por engano. Isso porque, depois que o idoso foi declarado morto de maneira equivocada, foi levado para uma câmara fria e colocado dentro de um saco para manter a temperatura baixa.
“A causa da morte sendo hipotermia aumenta a responsabilidade do médico, por isso a gente vai alterar a tipificação do inquérito, que antes estava como tentativa de homicídio, hoje, está como homicídio consumado, por dolo eventual”, explicou.
Na próxima semana, a polícia vai ouvir o médico, a família de José e coletar os documentos necessários.
A defesa do médico Lucas Campos informou que vai se manifestar apenas perante os órgãos jurídicos institucionais.
Idoso dado como morto por engano
José fazia tratamento contra um câncer na garganta desde o início deste ano. Segundo a irmã, entre quimioterapia e internações, o homem foi internado pela última vez no dia 23 de novembro, na unidade de Uruaçu. Ele ainda havia passado por uma traqueostomia e se alimentava por sonda. Ele teria apresentado uma piora na última sexta-feira (25).
A notícia da morte de José ocorreu por volta das 20h de terça. Com isso, a irmã foi ao hospital, onde um médico e uma assistente social a receberam. Na ocasião, a família realizou os procedimentos para a liberação do corpo, sem saber que ele estava vivo. Na declaração de óbito foi informado “choque séptico” como causa da morte.
José teve o corpo colocado dentro de um saco usado para remoção de pessoas mortas e levado pela funerária para Rialma, cidade natal da família, que fica a cerca de 100 km de distância de Uruaçu. Contudo, quando o saco foi aberto para que ele fosse preparado para velório e enterro, funcionários perceberam que José estava vivo, com olhos abertos e respirando com dificuldade.
“O funcionário da funerária me ligou desesperado, pedindo para que eu fosse lá, que meu irmão estava vivo”, relatou a irmã.
Afastamento do médico
O médico Lucas Campos, que fez o atestado de óbito do paciente, foi afastado. O Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN) informou que uma sindicância foi instaurada para apurar o caso.
“O diretor técnico do HCN foi para Rialma, cidade do paciente que estava em tratamento paliativo oncológico no hospital, para prestar assistência e dar apoio ao mesmo e aos familiares”, diz a nota da unidade.