PROTEÇÃO

Motorista de aplicativo adapta carro para proteger clientes da covid-19

Marcelo Oliveira conta que os colegas que chamaram ele de maluco, hoje pedem para que ele faça a adaptação

Para proteger a si próprio, a família e os clientes, Marcelo Oliveira, motorista de transporte por aplicativo em Salvador, fez adaptações no carro. Ele instalou película de isolamento, comunicação através de um sistema de áudio e até um sistema de ar condicionado individual.

“Minha maior motivação foi o medo. Eu preciso me prevenir porque também utilizo o carro para levar meu pai idoso para fazer hemodiálise duas vezes por semana”, conta.

Marcelo trabalha como motorista há quatro anos. Antes, trabalhava como técnico em eletrônica. Função que exercia junto com o pai. Ele mudou de área quando o idoso ficou mais debilitado, após sofrer um derrame. Por precisar levá-lo constantemente ao médico, trabalhar como motorista foi escolha mais viável.

Com a chegada do coronavírus (Covid-19), a maior preocupação de Marcelo passou a ser a saúde do pai. Porém a adaptação do carro não foi não foi feita de primeira. No começo ele passou a usar alguns kits vendidos pela internet. O isolamento era mais simples, apenas uma película de plástico separava a parte de trás da frente do carro. No entanto quando fazia o atendimento dos clientes, ele foi verificando o que poderia ser melhorado.

“Comecei fazendo o isolamento só com plástico, com o tempo eu fui adaptando para outras coisas. Botei um amplificador, depois fiz a adaptação com o ar condicionado. Esta última, eu adaptei ao perceber que seria ruim ficar com o carro aberto em dias de chuva. Por isso, isolei dois ambientes no carro e o cliente pode ficar com o vidro só um pouquinho aberto sem ‘morrer’ de calor”, disse o motorista.

O carro tem dispositivo para realização de pagamento em dinheiro, entradas USB para carregar celular, luvas e álcool em gel. O motorista disse que, no começo, os colegas acharam que ele era maluco: “Hoje em dia, quem me criticou está pedindo para que eu faça adaptações no carros deles”, diz.

No total, cerca de 30 carros já foram adaptados pelo técnico. O materiais custam em torno de R$ 500. O motorista disse que até o momento não cobrou pela mão de obra para ajudar os colegas.

“Eu levo umas 4 horas para instalar tudo. Geralmente só peço para a pessoa comprar as peças e faço o trabalho”, disse o motorista. Marcelo conta que o estranhamento inicial deu lugar ao reconhecimento.

*Com informações do G1