Denúncia

Motorista que matou a esposa grávida em Goiânia é denunciado pelo MP

O promotor denunciou Aginaldo Veríssimo Cuelho pelo crime de homicídio qualificado, por impossibilitar a defesa da vítima e por ela ser mulher, caracterizando feminicídio

O motorista Aginaldo Veríssimo Cuelho, de 50 anos, foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por feminicídio qualificado da  companheira, Denise Ferreira da Silva, de 34 anos, que estava grávida. O motorista matou a mulher na madrugada do dia 4 de junho no condomínio residencial no Jardim Caravelas, região Sudoeste de Goiânia. Ele confessou o crime e está preso.

O promotor Aguinaldo Bezerra Lino Tocantins denunciou o motorista pelo crime de homicídio qualificado, por impossibilitar a defesa da vítima e por ela ser mulher, caracterizando feminicídio. Também foi requerido o aumento da pena, já que Denise estava grávida de quatro meses e foi morta na frente do filho. Após o crime, o suspeito foi encontrado horas depois em Anápolis, cerca de 55 quilômetros distantes de Goiânia. O motorista confessou o crime para a polícia, mas afirmou ter se arrependido e diz que agiu por impulso.

Relacionamento

De a cordo com a denúncia, Aginaldo e Denise possuíam um relacionamento conturbado que envolvia discussões e agressões físicas por parte do homem. Uma dessas agressões, inclusive, foi registrada pela vítima, conforme Registro de Antedimento Integrado (RAI).

Denise morava em São Paulo com a família em São Paulo, quando veio para Goiânia morar com Aginaldo. Em outubro passado, Denise descobriu que o motorista tinha uma vida dupla. Uma outra casa, na mesma região, era mantida com filhos e uma esposa. Denise, enfurecida, queria acabar com todo o relacionamento. Aginaldo abandonou a outra família, e prometeu oficializar a relação com a paulista: se casaram, mas as brigas eram constantes.

Na ocasião do crime, o casal estava separado há uma semana e viviam de forma já independente. Na noite anterior, segundo a Polícia Civil, Aginaldo estaria na casa de um filho, no mesmo condomínio, quando decidiu ir até a casa de Denise. Os dois discutiram e, quando ela percebeu que ele estava armado, tentou correr para a rua. Denise foi atingida com um tiro na perna, segundo o delegado Ernani Cazer, que foi ao local do crime e, quando ela caiu, já na rua, em frente a porta de casa, Aginaldo encostou a arma na cabeça da vítima e deu o tiro fatal.

Família

A família da vítima mora na Zona Norte de São Paulo e a mãe se sente aliviada, mas a sensação de impunidade é evidente, diante da realidade criminosa, que agora faz de vítima a filha que decidiu morar com o marido em Goiás.

Doralice, teve duas filhas, Denise e Juliane Ferreira de Souza, 32. Mãe cuidadosa, criou as duas sustentando a família por dias e noites em cima de uma máquina de costura. Religiosa, da Congregação Cristã do Brasil, sempre quis ter a família reunida, na Freguesia do Ó. “Mas Denise era independente, e quando colocava uma coisa na cabeça, era complicado tirar”, disse.