Perícia

Motoristas envolvidos em racha que matou duas pessoas na T-9 são indiciados por homicídio doloso

Perícia apurou que camionete onde estavam as duas vítimas fatais trafegava em velocidade superior a 160 quilômetros quando capotou

Juiz realiza audiência de instrução dos motoristas réus por racha que vitimou duas pessoas na T-9 (Foto: Polícia Civil)

Com o resultado da perícia em mãos, a Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou a morte de dois jovens durante um racha ocorrido no último dia sete de maio, na Avenida T-9, no Jardim América, em Goiânia. Os condutores dos dois veículos, que segundo a polícia trafegavam a mais de 160 quilômetros por hora no momento do capotamento de um deles, foram indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar), e responderão, também, por três tentativas de assassinato.

Para o delegado Thiago Damasceno, adjunto da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), Eduardo Henrique de Souza Resende, de 22 anos, que conduzia uma Toyota Hilux, e Arthur Yuri Barbosa, de 18 anos, motorista de uma BMW, praticaram pelo menos três crimes, que culminaram nas mortes dos mencionados ocupantes, bem com ferimento de outros três passageiros.

“Nós temos comprovados a ingestão de bebida alcoólica antes de dirigir, o excesso de velocidade, a prática do racha, e, no caso do motorista da BMW, o fato dele estar dirigindo sem possuir a CNH”. Indiciados por homicídio doloso qualificado, por motivo fútil, e por três tentativas de assassinato, Arthur e Eduardo poderão, caso sejam condenados, passar mais de 30 anos na cadeia.

Durante as investigações, que duraram mais de 40 dias, a equipe da Dict descobriu, através da imagem captada por um foto-sensor, e da perícia realizada no local do acidente, que no momento em que a camionete capotou, os dois veículos trafegavam em uma velocidade que varia, entre 160 e 180 quilômetros por hora. “Ao contrário do que a defesa alegou durante o processo, não havia qualquer irregularidade no asfalto, e o capotamento foi provocado, única e exclusivamente, pela sucessão de crimes que relatei anteriormente”, concluiu Thiago Damasceno.

O capotamento culminou com a morte instantânea de Marcella Sônia Gomes do Amaral, de 15 anos, e de Wictor Ferreira Rodrigues, de 20 anos. Os dois foram arremessados para fora da camionete. Os outros três passageiros que sobreviveram contaram que antes do capotamento um deles gritou várias vezes para que Eduardo reduzisse a velocidade, e chegou a empurrar a cabeça dele, mas que a única coisa que ele fez foi olhar para trás e sorrir.

Fraude processual

Chamou a atenção do delegado, durante as investigações, o fato de um dos bombeiros que participou do resgate das vítimas relatar que, no local do acidente, o pai do condutor da camionete se aproximou, e pediu várias vezes para que retirassem o nome do filho dele da ocorrência. Em decorrência deste fato, o pai de Eduardo, que não teve o nome divulgado, responderá por tentativa de fraude processual.

A mãe de Arthur Yuri Barbosa também foi indiciada por “confiar a direção a pessoa não habilitada”. Segundo Thiago Damasceno, em depoimento, ela alegou que não viu quando o filho saiu com o carro.

Presente à coletiva que apresentou o resultado final das investigações à imprensa, o pai de Wictor Ferreira, Cleuber Rodrigues de Lima, de 47 anos, parabenizou o trabalho do adjunto da Dict, e disse que agora espera por justiça.

“Hoje tem 51 dias que minha felicidade e todos os projetos que almejei ao lado do meu filho morreram, só gostaria que o trabalho que agora terão o Ministério Público e o Poder Judiciário sejam tão perfeitos como foi o da Polícia Civil. Que eles mostrem à sociedade que tudo precisa ter um limite e que os responsáveis por essa tragédia sejam punidos exemplarmente”.