MP-GO denuncia três acusados pela morte de advogado em Aruanã
Adelúcio Lima Melo, suspeito de mandar matar o defensor Hans Brasiel da Silva Chaves, também responderá por coação de testemunhas e falsidade ideológica
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou, na última quinta-feira (12), os três envolvidos na morte do advogado Hans Brasiel da Silva Chaves, em Aruanã, no último dia 6 de fevereiro. De acordo com o documento, o também advogado Adelúcio Lima Melo e o amigo Wuandemberg Alvares Farias Silva foram denunciados como mandantes e crime de coação.
Mas não só isso. O trio, que envolve o executor Rafael Alves da Silva, responderá por por homicídio triplamente qualificado e corrupção de menor de 18 anos [um adolescente participou do crime]. Por fim, Adelúcio responderá, também, por falsidade ideológica.
A denúncia é assinada pelo promotor de Justiça Augusto Moreno Alves. De acordo com ele, Adelúcio atuava na comarca de Aruanã, principalmente em na esfera criminal. Ele teria sentido determinado incômodo com a chegada de Hans na cidade, pois o mesmo também trabalhava com ações criminalistas.
Ainda de acordo com o promotor, a vítima firmou contrato com um ex-cliente do acusado e conseguiu a soltura do mesmo. Isso gerou um discussão entre os advogados e Adelúcio ameaçou Hans de morte ainda dentro do Fórum da cidade.
Tempos depois, conforme o membro do Ministério Público, Adelúcio procurou pessoas para realizar o crime, mas não teve sucesso. Ele já tinha sido denunciado pelo MP-GO por causa dessa situação.
Após não ter sucesso na primeira tentativa de homicídio, o acusado passou a tramar novas formas de matar Hans Brasiel. A partir daí, Wuandemberg passou a ajudá-lo. De acordo com o MP-GO, ele entrou em contato com Rafael e ofereceu R$ 7 mil pela morte do advogado.
Após o combinado, Wuandemberg e Adelúcio conseguiram uma motocicleta e uma arma, que foram utilizadas no crime.
Denúncia
Na denúncia consta que Rafael foi instruído pela dupla sobre como seria a execução do crime e rota de fuga. Além disso, caso fosse preso, ele teria que dizer que o assassinato foi ordenado por uma organização criminosa. Ele teria que falar, ainda, que a vítima não cumpria os contratos. Porém, Adelúcio já havia protocolado representações da mesma natureza contra Hans na Promotoria de Justiça de Aruanã.
No dia anterior da execução, Rafael foi levado até a panificadora onde a vítima costumava tomar café para que visse o alvo e, com isso, não houvesse nenhum erro no plano. Na tarde do dia do crime, o executor ofereceu R$ 500 para que um adolescente o ajudasse na fuga e recebeu ligação de Adelúcio confirmando que Hans estava no escritório, e que o crime deveria acontecer naquele momento.
Ao chegar no escritório da vítima, Rafael efetuou diversos disparos contra Hans. Um deles atingiu uma cliente na perna. Logo depois, ele fugiu do local com ajuda do adolescente e foi preso no dia seguinte pela Polícia Militar (PM).
Coação de testemunha
Após a prisão de Rafael, Adelúcio e Wuandemberg se desentenderam, pois temiam que a investigação chegasse até o plano. Adelúcio, por sua vez, utilizou benefícios da profissão para ter acesso a elementos da investigação. Ao tomar ciência sobre o teor do depoimento de uma testemunha passou a ameaçá-la.
O advogado também confeccionou um documento falso, no qual relatava que a venda da motocicleta utilizada no crime foi feita à uma pessoa aleatória e sem qualquer envolvimento com o crime. O objetivo era despistar qualquer ligação entre ele e a moto apreendida.
Ainda segundo a denúncia, Adelúcio, mesmo preso, utilizava com Wuandemberg um advogado para levar ameças a Rafael. O profissional chegou a ir na Delegacia de Capturas e, utilizando prerrogativas da profissão, disse que faria mal à família do Rafael, caso o mesmo continuasse a colaborar com as investigações.
O advogado que teria feito ameaça em nome de Adelúcio não foi identificado, até o momento.
Apuração disciplinar
A denúncia ainda destaca indenização pelos crimes de danos morais e materiais decorrentes da morte da vítima. De acordo com o documento, é pedido pagamento de 200 salários mínimos e pensão mensal em valor correspondente à média do ganho remuneratório no exercício da advocacia.
Cópia do pedido foi encaminhado ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-GO para que Adelúcio fosse investigado por infração ético-disciplinar. Segundo o promotor, o advogado e Rafael estão presos e o adolescente [que ajudou na fuga] apreendido, porém, em relação a Adelúcio, a OAB, por intermédio da Comissão de Prerrogativas, solicitou a conversão da custódia cautelar em prisão domiciliar. Apesar disso, não foi tomada decisão sobre tal pedido.
Wuandemberg encontra-se foragido e está com mandado de prisão em aberto. Com isso, foi expedido ofício ao Ministério da Justiça para que fossem adotadas providências sobre o assunto.
O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço permanece aberto para posicionamento, caso haja interesse.