MP oferece 10ª denúncia contra João de Deus; médium retornará à prisão a qualquer momento
A força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MP-GO) criada para apurar denúncias de crimes praticados…
A força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MP-GO) criada para apurar denúncias de crimes praticados pelo médium João de Deus apresentou, nesta terça-feira (4), mais uma denúncia ao Judiciário. Desta vez, o líder espiritual é acusado de violação sexual mediante fraude contra dez vítimas. Os crimes teriam acontecido na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, durante o atendimento coletivo, no local conhecido como “Sala da Entidade”, enquanto as vítimas passavam pela fila de atendimento.
De acordo com a denúncia, ao final do atendimento, o réu ficava sentado em um trono, aguardando para ter contato com os visitantes. No momento desse atendimento, as vítimas se ajoelhavam perante o médium, que, aproveitando-se da situação, sob o fraudulento pretexto de realizar um atendimento espiritual, esfregava a mão da ofendida sobre seu órgão genital.
Segundo a força-tarefa, as vítimas são do Distrito Federal, de São Paulo e Paraná. Figuram ainda como testemunhas outras cinco vítimas, todas mulheres, do Distrito Federal, Goiás e São Paulo, cujos crimes estão prescritos ou sob decadência.
Esta é a oitava ação penal contra João de Deus protocolada no Fórum de Abadiânia por crimes sexuais. Já são mais de 90 vítimas. Outras duas denúncias por porte ilegal de armas foram oferecidas. Também está em curso ação civil pública para ressarcimento de danos morais.
Em contato com a defesa do réu, o Mais Goiás foi informado de que os advogados ainda não tiveram conhecimento sobre a nova denúncia.
Retorno à prisão
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio da Sexta Turma, negou, na tarde desta terça-feira (4), dois pedidos de habeas corpus do médium. Com a decisão, o líder religioso voltará para a cadeia e terá que continuar o tratamento médico dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Segundo Alex Neder, advogado do réu, a retorno do médium pode ocorrer a qualquer momento durante esta quarta-feira (5).
De acordo com ele, João de Deus ficou bastante aborrecido e entristecido pois esperava realizar o tratamento em casa. “A notícia o deixou entristecido. Ele é um idoso com vários problemas de saúde anteriores à prisão. O tratamento que realizou durante este tempo no hospital foi bastante delicado. A gente teme que todo o ganho obtido neste período se perca na penitenciária já que não há condições adequadas no local”, disse ao Mais Goiás.
Ainda conforme Neder, a defesa vai esperar o acórdão ser publicado para pedir outro Habeas Corpus. Desta vez, no Supremo Tribunal Federal (STF), mais alta instância do Poder Judiciário. Os advogados pleiteiam prisão domiciliar com a utilização de recursos de monitoramento, como a tornozeleira eletrônica.
João de Deus foi preso no dia 16 de dezembro de 2018 acusado de abusos sexuais durante atendimentos espirituais. No dia 22 de março de 2019 ele foi encaminhado ao Instituto de Neurologia de Goiânia para tratar um aneurisma no abdômen. Em abril deste ano, o STJ prorrogou por mais dez dias o prazo de internação. À ocasião, a unidade de saúde comunicou, por meio de nota, que o médium continuaria internado, desta vez para tratar de uma pneumonia. Após o fim do prazo, um novo pedido foi protocolado. O ministro Nefi Cordeiro atendeu à solicitação e ampliou a internação por mais 30 dias.