JUSTIÇA

MPF de Goiás perde no STF ação que movia contra médico Áureo Ludovico

Processo tratava de métodos utilizados pelo médico em cirurgias

MPF de Goiás perde no STF ação que movia contra médico Áureo Ludovico (Foto: Divulgação)

O Supremo Tribunal Federal negou o recurso do MPF (Ministério Público Federal) de Goiás na ação cível que movia contra o médico Áureo Ludovico de Paula, sob acusação de praticar cirurgias experimentais em seus pacientes – entre eles o apresentador Fausto Silva e o senador Romário (PL-RJ).

Para a defesa do médico, encabeçada pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a decisão coloca fim ao processo que tramita há mais de dez anos e faz prevalecer a decisão do TRF (Tribunal Regional Federal), em 2018, que considerou não haver ilegalidade na ação do médico. Procurado, o MPF disse que não irá se manifestar sobre o assunto.

A operação que foi colocada no centro do debate jurídico trata-se de uma técnica de cirurgia bariátrica conhecida como gastrectomia vertical com interposição ileal (GVII), que parte do princípio que é possível curar o diabetes do tipo 2 ao utilizar hormônios do trato digestivo.

“O que nós conseguimos é que ele possa fazer a cirurgia. Na verdade, conseguimos autorizar que ele siga praticando a técnica dele, que é revolucionária e um avanço da ciência brasileira”, diz Kakay.

O médico De Paula também comemora a decisão. “Essa legalização do procedimento traz um alívio, pois esse procedimento pode alcançar milhões de brasileiros de forma legalizada”, diz ele, que cita que o procedimento que, além de colocar a diabetes em remissão, também controla hipertensão arterial, problemas de colesterol e triglicérides e problemas de rins associados ao diabetes.

O procedimento foi proibido de ser realizado em 2010. Em abril de 2011, uma comissão técnica do CFM (Conselho Federal de Medicina) a considerou como não experimental. A análise foi levada ao plenário do conselho, que rejeitou a decisão.

“Na avaliação da entidade, técnicas recentes – como a gastrectomia vertical com interposição de íleo – ainda precisam de mais estudos e pesquisas que comprovem sua eficácia e sua segurança para os pacientes para serem autorizadas”, explicou o conselho em nota na época. Assim, a técnica seguiu considerada experimental.

A nota de 2011 explica que a Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica, criada pelo CFM especialmente para analisar os trabalhos desenvolvidos na área, continuaria ativa. “O grupo avaliará estudos e pesquisas, sendo que se os resultados indicarem eficácia e segurança de técnicas analisadas, o debate poderá ser reaberto de forma a oferecer ao brasileiro novas opções terapêuticas.”

No entanto, hoje, o CFM informa que a técnica não está prevista dentro da sua resolução.

Procurado, o conselho, que ingressou na ação ao lado do Ministério Público em 2011, afirma que não considera que perdeu a ação porque ingressou apenas após o processo ter sido proposto. “A decisão do TRF reconheceu a cirurgia de interposição ileal como procedimento ‘não experimental’, e reconheceu que é da competência do CFM a regulamentação da matéria, não tendo fixado prazo ou qualquer outra determinação específica.”

Em relação à regulamentação da técnica, o conselho explica que a resolução em vigor sobre as regras para cirurgias bariátrica e metabólica está mantida. “O CFM se mantém atento às evidências científicas sobre o tema, por meio de Câmara Técnica específica, que coleta subsídios para eventuais ajustes nas normas.”

Marcelo Turbay, que atua juntamente com Kakay, e representa o médico Áureo Ludovico de Paula, afirma que a técnica cirúrgica em questão está plenamente reconhecida cientificamente e autorizada por decisão judicial, com a palavra final do STF. “É hora de olhar para frente. Com o fim dessa perseguição provinciana contra o doutor Aureo. É tempo de zelar pela saúde de milhões de diabéticos pelo mundo”, diz.