26/7 - Dia dos Avós

Muito prazer, eu sou avó!

Mais Goiás retrata uma história emocionante de uma idosa que é amada pelos netos, que se recorda da infância com sua avó e sonha em conhecer seus dois bisnetos que moram nos Estados Unidos

Os avós costumam ser a prova viva de maturidade e ensinamentos que são passados por gerações dentro de uma família. Também são membros familiares vistos como uma forma de refúgio para qualquer problema que possa ter em casa, principalmente quando se é criança. Quem nunca ouviu alguém dizer que “casa de vó é melhor que a casa da gente?”

O engraçado é que esses seres tão especiais têm uma data registrada em calendário para celebrar a sua importância nesse mundo. Porém, esse dia muitas vezes passa batido pelos seus familiares. Com o passar o tempo, além da data, muitos avós também passaram despercebidos pelos seus netos, que hoje vêem a tecnologia como a “única” forma de comunicação existente nessa nova era.

Apesar de se tornar cada dia mais raro, o Mais Goiás encontrou uma senhorinha muito simpática que se sente preenchida com o amor que recebe dos seus filhos e netos. Nossa personagem se chama Maria José da Silva Copola, de 75 anos. Cativante, porém, tímida na frente de qualquer câmera, a senhora deu um ultimato antes da entrevista de que não queria aparecer em fotos ou televisão. Respeitamos a sua decisão.

Mas, como sempre, a vida nos reserva uma surpresa, Maria José se mostrou se despir de qualquer timidez e nos contou com detalhes aspectos da sua vida e da convivência com os seus três filhos, nove netos e seis bisnetos – dos quais dois ela não conhece pessoalmente.

Maria José nasceu em Itaberaí e tem mais dez irmãos, todos vivos. Ela destaca que teve uma infância como qualquer outra do seu tempo. Ajudava a “mamãe” e o “papai”- modo carinhoso e respeitoso como ela ainda se designa a falar dos genitores – na roça. Muito arteira, ela lembra que conheceu apenas a vó paterna, que se chama Ana, mas que era chamada de vó Aninha.

“Ela era maravilhosa. Mamãe ou papai vinha bater na gente e a gente abraçava ela. Só tenho as melhores lembranças com ela. Ela sentava em um banco de madeira e eu me posicionava ao chão e colocava minha cabeça sobre suas pernas. Ela me fazia cafuné até eu dormir”, conta, com os olhos marejados, ao lembrar que ela morreu quando tinha apenas 14 anos.

Os anos passaram. Maria veio à Goiânia, conheceu e namorou Getúlio, e hoje já somam 48 anos de casados. Nesta longa história, ela teve três filhos: Valéria, Caetano e Rogério. Eles, por sua vez, lhe deram nove netos, seis meninas e três meninos. Ela lembrou o nome de todos: Thaynara Fernanda, Tatiane, Natália, Tainá, Ana Beatriz, Lara Raquel, Antônio, Jefferson e Davi.

“É bão viu (sic). Eles são muito amorosos. Sempre me visitam e nunca deixam de demonstrar carinho comigo. Acho que esse é o retorno por ter dado toda a assistência que pudia a eles. Thaynara e Tatiane, por exemplo, eu ajudei a criar, levar à escola, ao dentista, à igreja. Estive presente em muitos momentos das vidas delas, pois a mãe delas trabalhavam muito”, pontua.

A família cresceu e já conta com mais seis bisnetos: Heitor, Artur, Gael, Gabriela, Luísa e Heitor. Isso mesmo. Não é erro de digitação não. Maria José explica que Thaynara, que mora nos Estados Unidos, e Tainá, que mora em Goiânia, engravidaram na mesma época, mas, sem saber, acabaram batizando as crianças com o mesmo nome.

Ela sonha em ver pessoalmente os dois bisnetos: Heitor e Gael, que vive em solo americano. Ela conta que apenas os viu pela internet. “Eu sinto vontade de ver. Mesmo sem nunca tê-los vistos, eu sinto uma saudade muito grande, pois eu queria ela e eles aqui pertinho de mim”, conta.

Maria está em tratamento contra um câncer no fígado no Hospital Geral de Goiânia (HGG). Apesar da doença, ela é muito otimista e ainda relembra de um episódio que lhe chamou muito atenção. “Mamãe orava todos os dias e pedia para que ela não visse nenhum filho ou neto morrer. Ela tinha um amor pela família. Eu também faço o mesmo pedido todos os dias para não ver nenhum filho ou neto morrer. Eu acredito que vou encontrar meus pais e avós no Reino dos Céus. Mas ainda sei que vou viver por muito tempo. Eu não me martirizo por causa dessa doença não”, diz, aos risos, quebrando o clima emocionante que se formava nesse momento.

Família ajuda no tratamento

Maria José destacou que sua família sofreu mais que ela com o diagnóstico do câncer. Porém, ela admite que todos lhe deram suporte necessário e que isso também lhe fortificou durante o tratamento. Como dito anteriormente, as visitas dos familiares ao hospital são frequentes e, os que não podem serem vistos pessoalmente, sempre entram em contato por meios digitais. “Lembro que o meu bisneto mais velho sempre me pergunta: ‘Bisa, cê tá boa?’ (sic) e eu respondo que sim. Isso me dá uma motivação de viver sem tamanho”, pontua.

Em um tratamento hospitalar, a presença da família do paciente durante esse período é primordial para lhe dar mais tranquilidade e confiança. É o que aponta a psicóloga hospitalar Claudia Cezar Ferreira. “A internação é algo que causa temor e ansiedade em qualquer paciente. A presença da família vem para minimizar esse sofrimento. É como se fosse a extensão da sua casa quando seu familiar está por perto. Então é uma função terapêutica que atribuímos a presença do familiar durante o processo de internação”, destaca.

Claudia destaca que na unidade há um dia com a família. Nesse evento é exposto pelos colaboradores do hospital aos familiares que a evolução no tratamento acaba sendo coletiva e não individual. “O tratamento não é só do paciente. É para o núcleo familiar porque todo mundo precisa de ter uma adesão ao horário da medicação, aos cuidados necessários. A presença do familiar traz essa possibilidade de continuidade do tratamento de uma percepção melhorada do paciente que sai da sua rotina”, ressalta.

A profissional ressalta ainda que é possível atribuir algumas pioras no quadro de saúde ou até mesmo o surgimento de outras enfermidades quando os internados são deixados de lado pelos entes. “É possível atribuirmos ausência do familiar como a possibilidade de declínio da doença, depressão, tristeza, isolamento. Imagine você saindo da rotina do seu lar. Vestindo uma roupa que não é sua? Recebendo medicamentos e, às vezes, um tratamento mais invasivo. Esse fato, isoladamente, pode ser suavizado com a presença de alguém com que a pessoa tenha intimidade”, finaliza.

Dia dos Avós?

A data foi escolhida por ser o dia em que a Igreja Católica comemora a festa de Sant”Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Cristo. Após várias alterações de comemoração das festividades, o Papa Paulo VI, no século XX, criou um único dia, 26 de julho, para a celebração em honra do pais de Maria Santíssima.

Consta nos preceitos bíblicos, que o casal Ana e Joaquim não podia ter filhos. À época, isso era considerado uma maldição e dava direito do marido poder ter filhos com outras mulheres. Durante orações e penitências no deserto, Joaquim recebeu a visita de um anjo, que lhe dissera que poderia voltar para a casa, pois suas preces seriam atendidas.

Pouco tempo depois do fato, Ana deu à luz a Maria. A menina acabou sendo criada no Tempo de Jerusalém e que, com o passar do tempo, se tornou noiva de José. Desse casal, nasceu Jesus, o que lhe tornara neto de Ana e Joaquim.

Este repórter não teve a oportunidade de conhecer os seus respectivos avós, mas sabe a importância deles em sua vida. E você? Já demonstrou, com gestos e atitudes, o amor por quem se torna o seu segundo pai e mãe?