Violência

Mulher denuncia espancamento após discussão com vereador em Itaguari

Desentendimento inclui xingamentos, publicações em redes sociais e discursos no plenário; vítima teve braços e pernas quebrados; parlamentar nega

Mulher denuncia espancamento após discussão com vereador em Itaguari

Uma mulher foi espancada na noite da última quinta-feira (24) em Itaguari, região central de Goiás. A vítima acusa um vereador do município de ser o mandante do crime. O parlamentar, por sua vez, nega envolvimento com o episódio da agressão. O motivo seria uma desavença política entre os dois, com direito a xingamentos, postagens em redes sociais e discursos no plenário da Câmara Municipal da cidade.

Os nomes da vítima e do acusado não serão divulgados para evitar interferência nas investigações. O delegado Leandro Pinheiro, que acompanha o caso, conta que as investigações ainda estão em estágio inicial e são sigilosas. Na tarde desta sexta-feira (1º), ele foi ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), na capital, onde a vítima está internada, para interrogá-la. Apesar dos quatro membros terem sido quebrados, a mulher está em estado de saúde regular, consciente e respira espontaneamente.

“Por enquanto não podemos apontar nomes. Mas serão apurados possíveis desafetos da vítima na cidade”, disse Leandro ao Mais Goiás, no início desta semana. De acordo com Leandro, ao final do inquérito os envolvidos podem responder por tentativa de homicídio ou lesão corporal grave.

Segundo ocorrência da Polícia Militar (PM), na última quinta-feira (24), por volta das 21 horas, dois homens chegaram à casa da mulher. A Polícia Civil (PC) informa que os dois estavam com armas de fogo e um facão. A vítima teve os dois braços e as duas pernas quebradas, além de lesões no rosto. Ela ainda afirma que o filho dela, de 17 anos, levou um soco no rosto ao tentar defendê-la. Ao longo das investigações, ele também será ouvido pela polícia.

A discussão com o vereador de Itaguari

A vítima concedeu entrevista ao Mais Goiás. Ela conta que tudo começou com uma postagem nas redes sociais, feita pelo prefeito da cidade, sobre uma obra de asfalto que está em curso. “Eu então postei na minha conta que o povo está do lado do prefeito. E que ‘certo vereador’ só estaria se colocando como pré-candidato para fazer chantagem, sabendo que não ganharia”, diz a mulher.

Mulher denuncia agressão após discussão com vereador em Itaguari
Mulher denuncia agressão após discussão com vereador em Itaguari. (Imagem: Reprodução)

Ela diz que, depois disso, recebeu a notícia de que havia sido xingada pelo vereador durante sessão na Câmara Municipal. Mas, aparentemente, o nome dela não teria sido citado. Isso fez com que ela revidasse com um áudio, enviado em um grupo de Whatsapp, composto por mulheres da cidade. A vítima disse que teria xingado o vereador, “mas sem citar nomes”.

“Ele pediu para o advogado da Câmara – que é o mesmo que me defende – para conversar comigo, porque que queria me processar”. A ação judicial não teve seguimento, já que nomes não foram citados: nem no áudio nem no discurso do vereador.

A ocorrência da PM, contudo, apresenta uma versão diferente da que a vítima narrou à nossa reportagem. Durante a ocorrência, ela disse o parlamentar seria o mandante das agressões e usa palavras de baixo calão para se referir a uma possível homossexualidade do homem. Ela teria sido agredida “pelo fato dela ter comentado que o vereador estava dando o **, todos na Câmara de Vereadores eram v****. Segundo relatos da vítima, ela teve entreveros com o Sr. [nome do vereador]”, lê-se no texto da ocorrência.

Mulher denuncia agressão após discussão com vereador em Itaguari
Mulher denuncia agressão após discussão com vereador em Itaguari (Foto: Reprodução)

Ao Mais Goiás, o parlamentar confirma o episódio de discussão política com a mulher. No entanto, ele nega envolvimento com a agressão, já que, segundo ele, sempre teve uma relação harmoniosa com ela. Além disso, ele afirma que o episódio, “se tratou de um caso isolado”. “Tem que ser apurado, porque jamais faria isso com qualquer pessoa. E, como representante do povo, acho ruim que isso aconteça no meu município. Não devo e, por isso, não preciso de um advogado”, finaliza.