“REVOLTA”

Mulher diz que profissionais se recusaram a vacinar pai acamado contra Covid

Idoso sofre de demência degenerativa, não fala e não anda. Caso foi registrado na Polícia Civil

A dona de casa Lorena Santos, de 38 anos, denunciouou que profissionais se recusaram a vacinar pai acamado contra Covid-19, em Goiânia. Foto: arquivo pessoal

A dona de casa Lorena Santos, de 38 anos, tem vivido momentos de frustração e revolta nos últimos dias. Isso porque, após meses de espera, a mulher viu o direito de vacinação do pai – idoso e acamado – escorrer pelas mãos. Segundo ela, na quarta-feira (10), profissionais de saúde da Prefeitura de Goiânia se recusaram a imunizar homem na residência em que mora no Setor Oriente Ville, na capital. Mulher denunciou o caso à Polícia Civil. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) diz que vai garantir a vacinação do paciente.

Em entrevista ao Mais Goiás, Lorena contou que a família foi procurada por uma agente de saúde, que agendou a vacinação de Humberto Campos dos Santos, de 65 anos, para quarta-feira (10). O idoso sofre de demência degenerativa. Ele não fala, não tem lucidez e não se locomove, tornando-se, então, paciente do grupo prioritário para a vacinação contra a Covid-19.

Por ficar muito tempo deitado, Lorena resolveu colocar o pai em uma cadeira “para facilitar no processo de vacinação”. Segundo a mulher, duas profissionais de saúde se deslocaram até a residência, mas se recusaram a vacinar o homem ao vê-lo sentado.

Ainda conforme relata a denunciante, a mulher chegou a mostrar documentos que comprovam a doença do pai, mas a vacinação não ocorreu. “Elas [profissionais de saúde] falaram que a prioridade é para quem está acamado e com sequelas maiores. Meu pai não anda, não fala. Quer sequela maior do que essa? É um absurdo ele não ter sido vacinado”, criticou.

Doença degenerativa

Lorena conta que a doença do pai foi descoberta há cerca de 8 anos. De lá para cá, a saúde de Humberto tem se fragilizado a cada dia. A dona de casa afirma que precisou largar o serviço para cuidar do pai, que depende de auxílio para atividades básicas, como a alimentação.

“É uma doença degenerativa que está em estado avançado. Desde o início da pandemia estamos tomando todos os cuidados para que ele não seja contaminado. A Covid pode tirar a vida dele. O direito de vacinação não pode ser tirado dele dessa forma. Ele precisa ser vacinado”, afirmou.

Segundo a mulher, o sentimento que fica é de impotência e revolta. “Estou extremamente indignada. Dá raiva você ter que implorar por algo que é direito”.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia informou que vai verificar o ocorrido e garantir a vacinação do idoso.