TERAPIA

Mulher é suspeita de fingir ser psicóloga para aplicar golpes em Anápolis

Vítimas dizem que foram coagidas a não denunciar a mulher para que segredos não fossem revelados

(Foto: Reprodução)

A Polícia Civil investiga I.C.C.R. por suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes em Anápolis. Além de praticar estelionato contra diferentes vítimas, a mulher ainda teria dito aos pacientes que revelaria segredos deles caso fosse denunciada.

Três vítimas já denunciaram a mulher à polícia. O primeiro diz que a família gastou cerca de R$ 250 mil com o tratamento. O terapeuta holístico Gustavo (cujo sobrenome será omitido) revela que foi ao consultório, em março de 2019, com a esposa e os dois filhos, já que a mulher dizia que era formada em nove graduações e que poderia confiar a vida da família em suas mãos. Na segunda sessão, I.C.C.R. diagnosticou a esposa e os filhos de Gustavo com esquizofrenia e transtorno de personalidade bipolar.

Após o diagnóstico, ela disse que o terapeuta precisava levar o filho mais velho, que à época tinha seis anos, em um psiquiatra. Ele obedeceu e o levou. O médico receitou apenas um comprimido por dia, mas I.C.C.R. insistiu que ele deveria tomar dois. “Ele tomava o remédio de manhã e antes de ir para escola. Com isso, ele foi parando de comer e teve uma desidratação severa. O caso foi tão grave, que até a visão dele ficou embaçada”, relata.

Gustavo relata ainda que parou de frequentar o consultório de I.C.C.R. em fevereiro deste ano e sofreu diversas ameaças por mensagens de texto por parte da investigada. Segundo ele, I.C.C.R. afirmou que se o paciente desse continuidade nas denúncias iria contar tudo que sabe sobre sua vida. Em uma das mensagens, a suspeita diz que o que ela tem daria um livro. “Até se eu morrer agora, tudo virá a tona. Está nas suas mãos. Você que decide”, diz as mensagens.

O Mais Goiás teve acesso às mensagens. Leia:

Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Polícia investiga suspeita de se passar por psicóloga para aplicar golpes em pacientes, em Anápolis (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Outra denúncia

No dia 9 de março deste ano, outra vítima relatou à Polícia Civil que foi vítima de I.C.C.R.. Esta chegou até a suspeita por indicação de M.V., que era seu sócio na época. Segundo o denunciante, ele procurou a autora para fazer um tratamento, pois tinha traumas de infância e somente a psicanálise iria ajudá-lo a se encontrar. O paciente disse que fez aproximadamente um ano e dois meses de tratamento.

Após o começo da pandemia, a suposta autora ofereceu seu carro – que dizia ser de 2015 – para a esposa da vítima por R$ 60 mil e sugeriu que o casal fizesse um empréstimo no banco para pagar o carro e R$ 8 mil de terapia por mês. Ao fechar o negócio, o homem descobriu que o carro era mais velho – do ano de 2012 – e ele acabou saindo por R$ 48 mil.

Mas as negociações não pararam e a investigada vendeu um iPhone 8 por mais de R$ 3 mil para a vítima, que fez o pagamento adiantado. Porém, quando foi pegá-lo, ela recebeu um Iphone 7. I.C.C.R. também convenceu o rapaz a desfazer a sociedade com M.V. e pediu a quantia de R$ 6 para fazer essa intermediação.

Em seguida, a suposta autora diagnosticou a esposa da vítima com TDAH e disse que o homem tinha surto psicótico. Por isso, teria que fazer terapia todos os dias com ela durante uma hora por dia. Com o decorrer do tempo, ela aumentou para duas horas.

As vitimas relatam que só desconfiaram porque a autora não realizava mais as sessões e sempre arrumava uma desculpa para não atender, mas continuava a pedir o pagamento adiantado.

“Quando fizemos as contas, percebemos que ela nos devia um total de R$ 87 mil. Ao procurá-la, ela reconheceu a dívida e fez um depósito de R$ 20 mil na conta da minha esposa e disse que pagaria o restante em cinco prestações e a dívida seria quitada até julho de 2021”, relatou a vítima à Polícia Civil.

Segundo a Polícia Civil, a outra denúncia segue em sigilo por se tratar de um caso da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

A reportagem tenta contato com I.C.C.R. por chamada e por mensagem, mas sem sucesso. A defesa da investigada também foi contatada, mas não deu retorno. Entretanto, à TV Anhanguera, o advogado Éder Martins negou as acusações. “Essas denúncias feitas contra a mesma são por circunstâncias pessoais. A mesma é uma profissional respeitada no ramo, não só aqui na cidade de Anápolis, mas em todo o estado de Goiás pelo profissionalismo e pela ética com que ela pratica sua atividade profissional”, disse.

O nome da investigada não consta no site do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Ao ser questionado sobre I.C.C.R. não ter registro profissional como psicóloga, o advogado afirmou que a cliente nunca disse aos pacientes que era psicóloga e sim que é psicanalista, formada em pedagogia.