Mulher que matou esposo aguardava audiência na justiça
Vítima de violência doméstica, ela revidou durante a última agressão; com uma faca, matou o esposo, algoz durante anos; os dois aguardavam audiência judicial que não tinham data marcada
Karla Cristina Pereira, de 34 anos, não queria matar. Mas depois de tanto apanhar, a mulher não teve outra opção. Na manhã dessa quarta-feira (7), no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia, após uma briga acalorada com agressões verbais e físicas, deu uma facada em Wellington José de Oliveira, de 30 anos. Os dois tinham cinco filhos. Nem isso impedia que as brigas constantes acontecessem. As tentativas de socorro dos paramédicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) não impediram que a facada no coração o matassem.
A aparência de mais velha no rosto de Karla mostra o que ela já passou na relação violenta; ainda assim, vai pagar pelo que fez. Ela foi presa em flagrante ainda na casa onde tudo aconteceu. O fato se deu no início da manhã, mas não foi a primeira vez no ano que a polícia foi acionada no endereço.
Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, era quase que previsível o fato. As brigas constantes motivavam, volta e meia, que vizinhos fizessem denúncia direta ao celular da viatura que faz ronda no setor. O uso de drogas e álcool deixava Wellington mais agressivo, e o temperamento quente da mulher não permitia ser agredida com tamanha constância, sem revidar.
Os dois aguardavam a marcação de uma audiência de conciliação, no fórum de Aparecida de Goiânia. A juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães foi contra a opinião do Ministério Público Estadual de retirar a acusação de uma violência doméstica e uma ameaça, denunciadas em 2012. A juíza mandou que uma audiência de conciliação fosse agendada e poderia expedir uma medida cautelar em favor de Karla. A audiência não foi marcada.
Karla foi presa pela Polícia Militar (PM) e encaminhada para a Central de Flagrante da Polícia Civil, no 4º Distrito Policial. Ela ainda permanece na Região do Garavelo e o flagrante será remetido para o Grupo de Investigação de Homicídios de Aparecida de Goiânia (GIH). A investigação sobre o caso terá mais um desfecho na tarde dessa quinta-feira (8), quando acontece a audiência de custódia da suspeita. A justiça deve definir se ela permanece presa, ou responderá em liberdade — o entendimento da justiça pode ser de que ela matou em legítima defesa.