Mulher refém do marido há 10 anos relatou violência em carta escrita a Deus
Segundo a família da vítima, a mulher começou a usar drogas por conta das violências do marido
A Polícia Militar (PM) encontrou cartas escritas pela mulher que foi resgatada nesta quarta-feira (12), após ser agredida e mantida em cárcere privado pelo marido há 10 anos, na zona rural de Abadia de Goiás. ‘Fui chutada novamente’, escreveu a vítima em um dos documentos feitos para conversar com Deus.
Na carta encontrada na casa do casal, a mulher dizia que estava sendo agredida e que ouvia vozes. Contudo, no parágrafo seguinte repetia diversas vezes que não estava machucada. “Não tenho mais para onde ir, escuto vozes e estou no momento impossibilitada”, descreveu.
Ao Mais Goiás, a Polícia Militar informou que, segundo a família da vítima, ela começou a usar drogas por conta das violências do marido. “Ela tem problemas mentais e se tornou usuária de drogas durante o convívio. Agora, será internada para desintoxicação, conforme o relato da família”.
Em depoimento à Polícia Civil, o marido negou que agride a mulher. “Ele diz que ela tem depressão e que tenta suicídio e por isso se machuca, mas que ele apenas tenta ajudar”, detalhou o delegado Arthur Fleury.
Violência física
Familiares e testemunhas também foram ouvidos, segundo o investigador. Em depoimento, eles informaram que a mulher é constantemente agredida há cerca de 10 anos.
Recentemente, o homem teria raspado o cabelo da mulher, pois não aprovou que ela o arrumasse com a ajuda da irmã. “Dessa vez raspou o cabelo dela, mas são vários relatos. Ele também já chegou a rasgar a boca dela por ela ter passado batom”, detalhou o investigador com base no depoimento dos familiares.
Os parentes relataram ainda que era ameaçada pelo homem e que por isso demoraram a denunciar o caso. Entretanto, a atitude de raspar foi a gota d’água para que eles enfrentassem o homem, segundo a PM.
Violência psicológica
À reportagem, a equipe do Batalhão Maria da Penha informou que a mulher apresentava confusão mental no momento em que foi resgatada. “Ela ficou zonza, como se estivesse dopada. Não falava coisa com coisa, nem quando já estava na delegacia”, informou a sargento Silviane.
A mulher e o homem tem um filho juntos, o que segundo os familiares também dificultava a fuga da vítima. De acordo com a Polícia Civil, ela deverá passar por uma avaliação psicológica para verificar se a mulher realmente sofre de depressão ou alguma outra doença e, principalmente, o que teria provocado o abalo mental que ela apresenta. A equipe médica ainda deverá avaliar o efeito das drogas usadas pela mulher.