Mulheres do MST e MCP denunciam violência e ocupam fazenda de João de Deus, em Anápolis
Cerca de 800 mulheres integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e Movimento Camponês Popular (MCP)…
Cerca de 800 mulheres integrantes do Movimento Sem Terra (MST) e Movimento Camponês Popular (MCP) ocuparam, na manhã desta quarta-feira (13), uma das propriedades do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de “Deus”. Ação integra protesto que pede o fim da violência contra a mulher. Manifestantes estão na fazenda Agropastoril Dom Inácio, em Anápolis, entre os distritos de Interlândia e Souzânia. A área que está sub judice tem em torno de 600 hectares e fica próxima à rodovia GO-433
Segundo uma das coordenadoras do ato e integrante do MST, Antônia Ivoneide, o movimento cobra respeito e seguranças às mulheres. “A cada duas horas uma mulher é vítima de feminicídio e outras tantas são violentadas e agredidas no Brasil. Mais de 500 mulheres já denunciaram assédio e estupro praticado por João de Deus e o estado vem fazendo pouco caso. A prova disso é que ele teve Habeas Corpus concedido ontem (12). Nós exigimos respeito e vamos resistir para conseguir nossos direitos”, disse.
A ação pede ainda que as vítimas do médium sejam indenizadas. “Esse e outros locais que ele (João de Deus) é dono são lugares fruto da violência. Essas terras têm de ser destinadas a essas vítimas que já passaram por tanto sofrimento”, afirmou a coordenadora. Além disso, o movimento também manifesta contra a paralisação da reforma agrária e pede que o assassinato da vereadora Marielle Franco seja elucidado.
De acordo com Antônia, a ocupação conta com mulheres de toda a região Centro-Oeste. No entanto, apenas famílias do estado de Goiás ficarão no acampamento montado na manhã desta quarta-feira. “Nosso objetivo é ficar por tempo indeterminado. O local já está tenso por conta da chegada da polícia, mas vamos resistir. Nossa luta é pela vida de todas as mulheres”, contou.
Ao Mais Goiás, a defesa do médium disse que soube da ocupação, mas não foi informado sobre o que se trata. Os advogados também não souberam passar maiores detalhes sobre o caso.
Nota do MST
Segundo nota do MST, além das denúncias de abuso sexual, João de “Deus” também é conhecido por concentrar lotes, terras improdutivas e terrenos na cidade. Segundo levantamento realizado pela Folha de São Paulo em cartórios da região de Goiás, são 27 registros de imóveis em nome do “João curador”. Destes, 23 estão na área urbana, totalizando 19.725 m², e quatro na zona rural, com 703 hectares, o equivalente a 985 campos de futebol.
Em depoimento formal à polícia, o médium afirmou ter seis fazendas em Goiás: Crixás, Itapaci, Anápolis, São Miguel, Pirenópolis e Abadiânia.”Por esses e tantos outros motivos, as mulheres Sem Terra ocupam hoje um território que é fruto do abuso, do estupro e da violência. Lutamos #PorTodasNós em um Brasil que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) é o quinto em mortes violentas de mulheres no mundo”, diz o texto.