Interior

Na Cidade de Goiás, médicos do Hospital São Pedro protestam e limitam atendimentos na unidade

Os profissionais reivindicam reajuste salarial, pagamento em dia e melhorias na estrutura do Pronto Socorro. Caso as solicitações não sejam atendidas, eles prometem se demitir no dia 1º de maio

Cerca de oito médicos que trabalham no Hospital São Pedro de Alcântara, em Goiás – cidade a cerca de 140 quilômetros de Goiânia – ,  assinaram no último sábado (21) um pedido de desligamento da unidade caso as reivindicações dos profissionais não sejam atendidas. Os médicos pedem reajuste salarial, de acordo com os valores pagos pelos plantões de 24 horas nos municípios próximos.

Além da equiparação salarial, eles pedem que os vencimentos sejam pagos em dia, já que no mês de abril foram mais de 20 dias de atraso no pagamento. Os profissionais também reivindicam melhorias na estrutura e no funcionamento do Pronto Socorro para melhor atender a população. Caso as solicitações não sejam atendidas, os médicos garantem que vão se demitir do hospital em  1º de maio, dia do trabalhador.

Após assinarem o termo de pedido de desligamento, os médicos passaram a atender na unidade apenas casos de urgência e emergência, e quem sentiu na pele foi a população, que procurou por atendimento, mas voltou para casa sem ser atendido.

A dona de casa Naratima Santos, de 39 anos, conta que há uma semana tenta atendimento para o filho de 8 anos, que sofre com crises convulsivas. Ele foi diagnosticado na última terça-feira (17) com pneumonia e deste então tem apresentado febre constantemente.

“Primeiro meu filho foi diagnosticado com pneumonia na base do “olhometro”, nem um exame o médico me passou. Quando eu voltei para o hospital durante o final de semana com meu filho passando mal, eu não consegui atendimento porque os médicos só estavam atendendo urgência e emergência”, conta a mãe.

Um funcionário da unidade, que não quis se identificar,  disse que como o hospital é o único da cidade e, em tese, deveria funcionar apenas para urgência e emergência. Mas, pela cultura local, a unidade de saúde sempre atuou de ‘portas abertas’, e realizava até consultas. Ele destaca que foi somente após os atrasos salariais e com o início das manifestações que os médicos passaram a limitar os atendimentos e que “a população está tendo que conviver com essa realidade.”

O diretor do hospital, Frei Marcos, disse que na segunda-feira (23) se reuniu com a prefeita da cidade, professora Selma Bastos (PT), e com o secretário de Saúde do município, João Batista, onde ficou decidido que vai reajustar o salário dos médicos e que a forma de pagamento será combinada com os plantonistas.

Já sobre a reivindicação de uma data fixa para o pagamento dos salários, o diretor explica que no contrato de trabalho consta que o médico recebe no terceiro dia útil após o repasse da Secretaria de Saúde. Ele argumenta que nesse mês houve um atraso que foi motivado pelo Ministério da Saúde, mas que essa não é uma situação recorrente.

Mais Goiás entrou em contato com o secretário de saúde da cidade, João Batista Neto, que negou ter recebido qualquer pedido de demissão dos médicos. Tentamos falar com a assessoria de comunicação da prefeitura, mas também não quiseram comentar a situação.