“Não desisti da Justiça” diz filha de vítima de latrocínio em Goiânia
Foram 286 dias de angústia até a que empresária Camilla Alves, de 39 anos, recebesse…
Foram 286 dias de angústia até a que empresária Camilla Alves, de 39 anos, recebesse a notícia da prisão dos suspeitos de matarem a sua mãe, Haydeé Oliveira da Silva Brito, de 59 anos, em um assalto residencial, em Goiânia. A mulher foi morta com 11 facadas em sua residência, na Vila Mauá, em 30 de abril de 2020. Apontados como responsáveis pelo latrocínio, Ednaldo da Conceição Silva e Franqui Silva Borges do Nascimento foram detidos em Rondon do Pará, na última quarta-feira (10).
“Eu tô com um misto de sentimentos que não sei como explicar. É uma mistura de felicidade por ter começado a justiça, mas continuo triste pois nada traz a minha mãe de volta. Ela era meu xodó. Ela era tudo o que eu tinha e eles não acabaram só comigo e sim com uma família inteira. Por isso, nenhuma família pode desistir de justiça (sic)”, conta.
Haydeé tratava de um câncer de mama quando foi assassinada. A filha empresária relembra que, no dia da morte, a mãe estava animada pois faria um tratamento dentário no dia seguinte, com objetivo celebrar aniversário de Camilla, em 13 de maio. “Eu e minha filha, que mora nos Estados Unidos, falamos com ela por volta das 18 horas. Ela disse que ia tomar banho. Por volta das 21 horas, eu entrei em contato com ela novamente, mas ela não me atendeu. Acreditei que tinha dormido em razão dos fortes remédios que tomava para o tratamento do câncer e da fibromialgia”, lembra.
Sensação estranha
Naquela madrugada, a empresária relata ter sentido um mal-estar que a fez acordar por volta das 4h. O dia também teve uma rotina diferente. Ela que costumava tomar café da manhã com a mãe, decidiu ir à academia para só então partir para a casa de Haydée.
“Eu cheguei no local e já me deparei com uma lata de cerveja sobre a mesa da área e já estranhei aquilo. Minha mãe não bebia. Empurrei a porta e vi que a televisão que tínhamos acabado de comprar não estava no lugar. Encontrei o corpo da minha mãe próximo do quarto. Fiquei desesperada e gritei por socorro”, conta, com a voz embargada.
A empresária revela ainda que poucos itens foram levados: apenas televisão e um aparelho celular. Após a prisão dos suspeitos, aA Polícia Civil (PC) adiantou que as pessoas que fizeram a receptação dos produtos também foram detidas.
Depressão
Após a morte da mãe, Camilla conta que entrou em depressão e até hoje faz tratamento para tratar a doença. “Eu tomo remédios, não consigo dormir às vezes. Mas me seguro nas mãos de Deus para me dar forças. Minha mãe era uma mulher alegre, forte, ajudava os outros sem interesse nenhum. Infelizmente, ela não foi ajudada quando mais precisou. Ela agonizou a noite toda depois de ser atingida no peito, no braço, no rosto e na cabeça. A gente gostava de comprar coisas juntas e ela era apaixonada por doces. Minha mãe era uma dádiva”, relembra.
O amor pela mãe e o carinho pelo relacionamento que tinham deu forças para que Camilla lutasse por justiça. A empresária revela que chegava a ir à delegacia todos os dias para que o caso não “caísse em esquecimento”. “Já teve vez de eu parar meu carro no meio da rua, gritar e chorar. Eu só pedia ajuda para Deus, para aquilo tudo acabar. Até hoje não consegui pegar a biópsia do outro peito dela no Araújo Jorge”, ressalta.
Doações
Após o crime, Camilla decidiu doar todas as roupas da mãe, ficando apenas com eletrodomésticos que ela gostava muito. “Eu decidi fazer isso pois a minha mãe gostava muito de ajudar os outros. Uma amiga minha disse que tinha algumas pessoas precisando de doações e fizemos isso. Sei que ela ia gostar “, pontua.
Agora o foco da filha é em obter justiça pelo latrocínio. “Eu não vou descansar enquanto eles não pagarem pelo que fizeram. Eu só vou me aquietar quando ver todos eles atrás das grades. O que eles fizeram com a minha mãe foi uma crueldade sem tamanho. Minha mãe era uma criança. Por isso, eu não desisti de correr atrás de Justiça. É por ela que faço isso!”, finaliza.
*A divulgação da imagem e identificação dos presos foi precedida nos termos da Lei n.º 13.869, Portaria n.º 02/2020 – PC, Despacho do Delegado Titular desta unidade, nº 000010828006 e Despacho DIH/DGPC- 09555 dos responsáveis pela prisão, especialmente porque visa a identificação de eventuais crimes outros cometidos pelos suspeitos, bem como surgimento de novas testemunhas.