TRAUMAS

“Não durmo direito”, diz motorista de aplicativo grávida agredida por cliente, em Goiânia

A motorista de aplicativo Divania Moreira de Souza enfrenta traumas causados pela agressão que sofreu…

A motorista de aplicativo Divania Moreira de Souza enfrenta traumas causados pela agressão que sofreu de uma passageira no último domingo (3), em Goiânia. A trabalhadora, que está no sexto mês de gestação, diz que não tem dormido direito desde que tudo aconteceu, pois está abalada emocionalmente. A briga se motivou depois que Divania pediu para que a passageira não ultizasse o banco da frente do carro sem a máscara de proteção. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

O advogado da motorista de aplicativo, Luiz Humberto Thomazelli Machado, explica que ela começou a trabalhar como motorista no começo da pandemia da Covid-19 para complementar a renda. Porém, parou com a atividade por um certo tempo, devido à sua gravidez de risco.

No último domingo (3), Divania decidiu voltar para o trabalho de condutora, em razão de boas promoções ofertadas pelo aplicativo. No entanto, foi supreendida com uma briga na quarta viagem que fazia no dia.

Divania narra que foi até o Residencial Oeste, na capital, onde deparou com quatro passageiros, entre eles a mulher que ela acusa de agredi-la. Três dos passageiros se dirigiram até os assentos traseiros e a última, uma mulher, foi se sentar no banco da frente. A motorista afirma que essa passageira estava “visivelmente embriagada” e que não queria transportá-la sem máscara por estar grávida. Foi então, que a briga começou.

Além da troca de agressões, Divania alega que a passageira a xingou. “Preta, gorda e fuleira. Você não deve nem saber quem é o pai do seu filho. Eu tenho dinheiro para contratar advogado. Não sou como você que ganha R$ 2 mil por mês”, teria dito a mulher.

Motorista de aplicativo sente medo de trabalhar após agressão de passageira

O advogado de Divania conta que a gestante, diante do episódio de violência, parou com as atividades como motorista de aplicativo. Com isso, também comprometeu sua renda extra.

“Divania tem medo de voltar a trabalhar como motorista de aplicativo, em razão do acontecido e diante de sua gravidez de risco. Ela perdeu a confiança em pessoas e tem evitado contato com pessoas desconhecidas, com medo de novos acontecimentos parecidos”, explicou Luiz Humberto.

Divania também afirma que nunca havia passado por uma situação deste tipo ao longo do tempo que trabalhou como motorista. Além disso, explicou que, durante a troca de agressões, tentou a todo custo não cair e proteger o bebê. “Já marquei uma consulta no médico para confirmar que está tudo bem com o meu filho”, detalhou.

O advogado Luiz Humberto explica que vai entrar com queixa crime em razão dos adjetivos imputados à Divania e também com uma ação de indenização por danos morais. Em relação à injúria racial sofrido por Divania, já foi feito registro na Delegacia especializada de crimes raciais e de intolerância.

Investigação

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Uma testemunha registrou vídeos das agressões com tapas e murros. As gravações estão sendo analisadas pelos investigadores.

A motorista fez exame de corpo de delito para dar continuidade a investigação policial. Devido as ofensas racistas, o caso ficará a cargo do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri).

A reportagem não localizou a defesa da passageira para manifestação. O espaço está aberto.