Não faz sentido privatizar a vacinação contra a covid-19 em Goiânia
Colocar a vacinação na iniciativa privada custaria R$ 40 milhões sendo que poder pública tem know-how de sobra para executar o serviço
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia anunciou na manhã de hoje (21/05) que decidiu postergar para nova data ainda não agendada um pregão eletrônico que privatizaria a vacinação contra a covid-19 na cidade. Decisão acertada. O órgão municipal alega que seguiu orientações do Tribunal de Contas do Município que levantou dúvidas sobre alguns pontos do edital. Bola dentro. Mais acertado ainda seria se, em vez de adiar o pregão, o mesmo fosse definitivamente cancelado.
Nobre leitor, me ajude em uma coisinha aqui: seria muita maldade de minha parte imaginar que o TCM resolveu mostrar serviço quando sua existência foi colocada em xeque pela sociedade goiana naquele imbróglio com a Alego? No momento em que o órgão foi para o holofote e percebemos que somente Goiás e outros dois estados ainda têm esse tribunal funcionando? Não quer ser venenoso e nem injusto, por isso que peço sua ajuda nessa minha dúvida. Conto com seu comentário aí embaixo.
Não faz o menor sentido pagar essa pequena fortuna para a iniciativa privada num serviço em que o setor público goza de capacidade mais que comprovada para executá-lo. Os profissionais do SUS têm décadas de experiência farta nesse ofício.
O edital previa 1 milhão de doses ao preço de R$ 40 milhões. Tendo em vista que são necessárias duas doses e que Goiânia tem cerca de 1,5 milhão de habitantes, o serviço contemplaria um terço da demanda da capital.
O vereador Mauro Rubem (PT) pediu explicações à secretaria. O parlamentar argumenta que o gasto é desnecessário perante a capacidade da Prefeitura para o serviço. Concordo com a tese.
A vacinação está emperrada não por déficit logístico na aplicação, mas por não termos doses suficientes para os goianienses. E a licitação questionada pelo TCM não conseguiria destravar esse gargalo.
Melhor que o serviço fique sob responsabilidade da Prefeitura.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás