“Não queremos que ninguém morra. Principalmente o policial”, diz secretário de Segurança Pública de Goiás
Irapuan Costa Júnior é considerado linha dura, e respalda o trabalho ostensivo e enérgico do policial contra a criminalidade: Rigidez contra bandidos
Quatro meses e sete dias após ser empossado como chefe da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP), Irapuan Costa Júnior, de 80 anos, é linha dura. A rigidez do secretário está ligada à forma severa como lida com o gerenciamento de crises — situação constante na pasta. O principal objetivo do secretário é levantar a autoestima dos policiais que, na rua, em situações anteriores, recebiam orientações de amenizar a rigidez no combate ao crime.
“Fazemos o contrário do que eles (governantes esquerdistas, com filosofia humanística) consideravam politicamente correto. Bandido para nós não é vítima; é bandido” enfatiza. Irapuan é legalista, mas anti-humanista. Na opinião do secretário, as forças policiais precisam ter o trabalho valorizado pelos comandos. Ao invés de colocar rédeas às ações policiais, facilita o apoio jurídico, e busca fazer com que os comandados sintam segurança em tomar atitude contra o crime.
Irapuan acredita que as mortes em confrontos policiais são resultado das ações de combates. Ele acredita que, as forças policiais devem estar o máximo preparadas para situações que criminosos estejam armados e dispostos ao embate de fogo contra o policial: A troca de tiros. “A polícia, para nós, não é truculenta, é amiga do cidadão. O policial tem o respaldo para agir energicamente, porque o bandido é um cidadão que escolheu o seu caminho do crime, e precisa sentir o peso da lei.”
Para o secretário, os treinamentos levados à exaustão servem para que o policial não morra em serviço. “Nós não queremos que ninguém morra. Principalmente o policial. E não queremos que o bandido morra também, queremos que ele vá para a prisão. Mas num confronto entre o policial e o bandido, é evidente que nós damos toda a preferência para a vida do policial”.
Um trabalho de integração é feito de forma massificada, e quase que ordem obrigatória, entre Polícia Militar e Polícia Civil. Em anos anteriores as corporações amargavam em problemas de ego e vaidade dos comandos: A intenção era apresentar resultados e ganhar o mérito. Nos dias de hoje, não importa quem combateu o crime, importa se o crime foi combatido. “Damos muito valor à inteligência e integração entre as polícias. Eu diria que Goiás é um estado diferenciado nessa redução de criminalidade.”
TIRO NO PRATO
Ele recebeu o Mais Goiás no gabinete do prédio à Avenida Anhanguera. Sentado à mesa, com celular à mão, o homem simpático e de expressão suave, mas de palavras pontuadas reclama de uma dor no ombro. A neta, ainda criança, que fez uma visita à Goiânia, está mais pesada que o último encontro. “Devo ter me machucado quando peguei ela no colo, ou quando peguei a mala, na despedida.”
Irapuan é campeão nacional de tiro no prato. Praticante de tiro esportivo, prefere pistolas, mas reconhece a eficácia maior de revólver, em situação de pane. Ele ouve o relato de um assessor, que assume nunca ter pego em arma de fogo. “Se eu ganhasse um real por tiro que já dei, pode estar certo que seria um dos mais ricos do País.”