MANIFESTAÇÃO

No Dia Internacional da Enfermagem, classe pede valorização e solidariedade

Mais valorização e solidariedade aos 3,8 mil colegas enfermeiros contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19) e…

Mais valorização e solidariedade aos 3,8 mil colegas enfermeiros contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19) e aos 84 mortos. Essas são as pautas dos profissionais de enfermagem que se reúnem na Praça Cívica (perto do Monumento às Três Raças), às 17h30 desta terça-feira (12), Dia Internacional da Enfermagem.

Organizado pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-GO), em parceria com o Sindicato dos Servidores da Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO), Sindicato dos Enfermeiros de Goiás (Sieg) e Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), parte da agenda é voltada para a cobrança de melhores condições de trabalho, carga horária e salários justos.

Maura Inês dos Santos, técnica em enfermagem, sai de uma infecção do coronavírus e afastamento das funções por 18 dias. Nesta terça-feira, ela estará na manifestação. “Para mostrar a importância da enfermagem e a desvalorização do nosso trabalho, que é a linha de frente. Será minha primeira saída de casa após a Covid-19.”

Segundo ela, o aplauso é bem vindo, mas a categoria quer a valorização do governo estadual. “Estamos há anos sem data base, a insalubridade [valor], que já esteve em 40%, hoje é 15%.” Ela cita, ainda, a questão da perda do quinquênio e da licença prêmio, pautas de reformas do Executivo estadual, aprovadas no ano passado na Assembleia Legislativo de Goiás, como as da Previdência e do Servidor.

No Estado, segundo informado pelo Coren, são cerca de 56 mil profissionais que reivindicam, entre outros direitos, a diminuição da jornada de trabalho e a padronização em 30 horas semanais. E, ainda, um piso salarial para a categoria.

Ataques

Marlene Soares de França, técnica em enfermagem revela, ainda, que a manifestação é solidária aos ataques sofridos pelos enfermeiros em Brasília, por apoiadores do governo Bolsonaro. “Aquilo ali não dá nem para acreditar”, afirma ela, que participará, também, do protesto.

Vale lembrar, no começo deste mês, um grupo de enfermeiros realizou um protesto silencioso na Praça dos Três Poderes em Brasília. Na ocasião, eles defendiam o isolamento social como forma de combater o avanço do novo coronavírus e carregavam cruzes em homenagem a colegas que morreram em meio ao trabalho de enfrentamento à pandemia da Covid-19.

A manifestação teve fim após apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram verbalmente os profissionais. “Vocês querem passagem para Venezuela e para Cuba? (…) Quando a gente sente o cheiro da pessoa, não passa um perfume, a gente entende o que você é”, chegou a dizer uma das agressoras.

A situação foi amplamente divulgada e alguns agressores foram identificados. Dentre eles, o empresário goiano Gustavo Gayer, que negou ter participado das agressões.

Doação

“Os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem estão doando de si, literalmente, para prestar assistência à população”, afirma a presidente do Coren-GO, Ivete Barreto. Para ela, a data não é comemorativa, visto que há sobrecarga da categoria.

Já Luzinéia Vieira, da diretoria do Sindsaúde, os profissionais utilizarão roupa preta, máscara, jaleco branco, cartazes, cruzes e uma fita preta no braço. “Para lembrarmos também o número de mortes pela Covid-19 no Brasil, onde grande parte delas são de profissionais de enfermagem”.

Situação

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) informou que, até o momento, 84 profissionais de enfermagem no Brasil já morreram, vítimas da Covid-19. Mais de 13 mil já foram afastados. Apenas em Goiânia, dois enfermeiros já vieram a óbito.

No total, as mortes pela doença no Brasil já ultrapassaram os 11 mil casos e mais de 162 mil pessoas foram infectadas pelo coronavírus. Em Goiás, já são 1.100 casos com 49 vítimas fatais.

SES-GO

A secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) foi procurada para comentar sobre a manifestação de demanda dos enfermeiros. Confira na íntegra:

“A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que considera quaisquer manifestações democráticas legítimas, alertando no entanto, que no atual contexto da pandemia de Covid-19, esses movimentos não são recomendáveis por proporcionarem ambientes favoráveis para a propagação da doença.

Em Goiás, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-GO) registrou 40 casos confirmados de Covid-19, em profissionais de Enfermagem, e um óbito, de uma profissional técnica de enfermagem.

Destacamos que não há falta de EPIs, pois as organizações sociais responsáveis pelos hospitais têm suprido regularmente as unidades, recebendo reforço da SES-GO, que também monitora o abastecimento por meio do novo painel da Covid-19, no qual é possível buscar a disponibilidade de EPI em cada unidade da rede.

Sobre o apoios aos profissionais de enfermagem, a SES-GO esclarece que oferece atendimento via telefone, pela Central de Orientações (Cori), com apoio emocional e prevenindo sintomas adoecedores aos profissionais de saúde no contexto da pandemia de Covid-19. A secretaria também tem o programa “GGDP ao seu lado”, realizado pela Gerência de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas – GGDP, por meio da Coordenação de Atenção Psicossocial – CAPSES, que oferece apoio psicossocial aos servidores da SES-GO para o fortalecimento da saúde mental e o enfrentamento deste momento. Além de orientação para as chefias visando o manejo de suas equipes.

A SES-GO esclarece ainda que a carga horária de enfermeiros, no serviço público de Goiás já é de 30 horas semanais.”

Tem mais

Em reconhecimento ao Dia Internacional da Enfermagem, o Mais Goiás prepara, ainda, uma reportagem falando um pouco mais dos medos destes trabalhadores, que estão na linha de frente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). As técnicas em enfermagem Maura Inês dos Santos e Marlene Soares de França falaram um pouco da rotina, expectativa e angústias, neste momento.

Logo mais, no portal Mais Goiás.

*Atualizada às 21h51, com nota da SES-GO.