DISPUTA

Nova decisão mantém urso Robinho no Zoológico de Goiânia

Ele ficará por tempo indeterminado até que a ação seja julgada por um colegiado. Fórum de defesa animal vai recorrer

Urso Robinho (Foto: Prefeitura de Goiânia)

A liminar que libertava o Urso Robinho do Zoológico de Goiânia foi suspensa pela Justiça Goiana nesta sexta-feira (21). Agora, a transferência ou não do animal para o santuário Rancho dos Gnomos, em Joanápolis, São Paulo, dependerá de um julgamento colegiado sobre o assunto, o qual ainda não tem data para ocorrer.

A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral do Município de Goiânia (PGM), que alegou que o urso nasceu na capital e está habituado à temperatura elevada e clima seco que vivenciou por 17 anos. Outro argumento utilizado é de que a mãe de Robinho, Lucy, morreu no Zoológico de Goiânia com idade aproximada de 43, longevidade que ultrapassa, segundo a PGM, a média de expectativa de vida de ursos em cativeiro: 20 a 30 anos.

Com isso, o município alegou que Robinho tem qualidade de vida no local, assim como teve sua mãe, baseado no referido histórico.

Por fim, o juiz substituto em 2° Grau Sebastião Luiz Fleury ficou convencido de que a mudança de local, neste momento, poderia causar estresse ao animal de grande porte, visto que sua permanência na cidade é alvo de disputa judicial e que uma transferência precoce poderia culminar em transportes desnecessários do urso enquanto o mérito final da ação não é julgado.

“Diante das aventadas possibilidades de estresse a serem suportados pelo animal, melhor se afigura, neste momento, a suspensão da respectiva transferência”, concordou. O magistrado considerou ainda que a manutenção do bem-estar do urso exige análise dos devidos preparos e cuidados na sua transferência, bem como dos gastos financeiros dela decorrentes. “Assim entendo mais adequado que se aguarde o julgamento final para deliberar acerca da transferência”.

Maus-tratos

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, que realiza a disputa pelo bem-estar do Urso Robinho com a Prefeitura de Goiânia, afirmou, por meio da advogada Ana Paula de Vasconcelos, que recebe a notícia da suspensão de transferência com “espanto e surpresa, uma vez que o processo está instruído”. A entidade irá recorrer da nova decisão. A entidade já afirmou que o Paço teme a transferência em razão da perda de bilheteria que o zoológico registraria com a mudança de Robinho.

“Contamos com a sensibilidade da Justiça para ver que a reforma promovida pela prefeitura na cela de Robinho trata-se de uma maquiagem que induz o Tribunal ao erro. A verdade é que o urso enfrenta uma situação de descaso e maus-tratos desde que nasceu, há 17 anos. Essa pintura de forma alguma resolve a ausência de bem-estar do animal”, reforçou Ana Paula.

De acordo com o Fórum, Goiânia não possui clima adequado para criação de um urso, como afirma a PGM. “Ele não está acostumado ao calor e ao tempo seco, ele sobrevive nessas condições, mas não quer dizer que ele não esteja sofrendo. Qualquer veterinário que entenda de bem-estar animal pode atestar isso”.

Rancho dos Gnomos

Segundo a advogada, o Rancho dos Gnomos está em Limuma cidade com clima mais parecido com o que os Ursos encontram livres na natureza. “Trata-se de um espaço maior que o do zoológico, com 2 mil metros quadrados, piscina natural 80 mil litros e água corrente, que fica numa região montanhosa, repleta de vegetação, onde ele vai poder interagir com outros animais, incluindo outros ursos da espécie dele”.

Os animais que vivem no local, conforme expõe a advogada, têm acompanhamento multidisciplinar de biólogos, veterinários e demais profissionais especializados no bem-estar animal. “Em Goiânia ele vive entediado, passa os dias sem ter o que fazer. Isso traz um estresse tremendo que compromete a saúde psicológica do animal. Na jaula, ele não tem o que explorar, não tem com quem interagir e isso causa extremo sofrimento”.

“Se o Urso Robinho tem oportunidade de ter uma vida com menos sofrimento por que privá-lo disso? É uma visão retrograda da prefeitura de Goiania querer manter o animal nesse sofrimento”, conclui.