Possível homicídio

Novo inquérito irá apurar causa da morte de estudante estuprada em UTI de Hospital

Suzy Nogueira Calvalcante morreu após ficar dez dias internada na unidade. Objetivo é saber se a jovem foi vítima de homicídio culposo ou doloso

Um novo inquérito para investigar a causa da morte da estudante de arquitetura Suzy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, será aberto pela Polícia Civil. A jovem foi estuprada dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Goiânia Leste (HGL) e morreu após ficar dez dias internada. De acordo com a administração da unidade, a jovem morreu em decorrência de uma pneumonia hospitalar. As investigações ficarão sob responsabilidade do delegado Washington da Conceição, do 9º Delegacia de Polícia, distrital que abrange a área onde está situado hospital.

Washington afirma ainda não ter os autos em mãos e que não poderia dar detalhes das apurações para que as revelações não prejudiquem o serviço. Por outro lado, ele confirmou que uma das linhas de investigação se estende sobre a possibilidade de a jovem ter sido vítima de homicídio culposo ou doloso.”Vou começar tudo novamente. Ouvirei todos os envolvidos, funcionários do hospital, diretores, família. Vamos começar do zero até porquê o inquérito sobre o estupro já foi encerrado. Esse será para constatar a vertente da morte da estudante”, explica.

Mais cedo, ao Mais Goiás, o advogado da família de Suzy, Darlan Alves Ferreira, destacou que confecciona um requerimento com os motivos que julga necessários para continuar o andamento do inquérito. Para não atrapalhar a apuração, ele também preferiu não revelá-los à reportagem. “A decisão da investigação ou não é deles. Mas acho que ainda tem muita coisa que ainda precisa ser esclarecida e por isso que apresentarei o requerimento”, destaca.

O advogado da Supreme Care/OGTI – empresa responsável pela UTI no Goiânia Leste -, Carlos Márcio Rissi Macedo, comentou o caso. “Aguardamos com tranquilidade os desdobramentos”.

Relembre o caso

A estudante deu entrada na unidade no último 16 de maio após apresentar um crise convulsiva. A jovem, então, teve que ficar internada e, segundo a titular da Delegacia Estadual de Proteção à Mulher (Deam), Paula Meotti, foi estuprada naquele mesmo dia. O suspeito do crime, o técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos, está preso preventivamente desde que se apresentou de forma espontânea à delegacia. Ele nega o crime.

Em coletiva de imprensa, o pai da jovem questionou a atuação da Polícia Civil diante do caso. Ele destaca que foi avisado do estupro no momento do velório da filha. Para ele, a delegada poderia ter feito alguma coisa para impedir que o pior acontecesse no dia em que recebeu a denúncia. “Ela estava documentada, era só ir e resolver a situação da minha filha. Era só solicitar uma transferência de hospital e comunicar os familiares do ocorrido”, questionou o policial aposentado.

Paula Meotti rebateu as acusações e declarou que fez tudo o que estava ao alcance da corporação e que a mesma não tem autoridade para retirar nenhum paciente do hospital. “O próprio hospital nos procurou para relatar o ocorrido. Eu não posso me responsabilizar pela morte da filha dele. Eu cumpri com minhas obrigações como delegada de investigação de autoria e materialidade e representei pela prisão preventiva do suspeito. Quanto à internação da vítima, cabia ao pai decidir em transferi-la de unidade”, comentou a delegada.

Diversos amigos e familiares realizaram protesto nesta segunda-feira (3) na porta da unidade para cobrar justiça pela morte da estudante. No local, os manifestantes levaram cartazes e cantaram várias músicas religiosas para lembrar a morte da garota. Esse foi o segundo ato em prol da memória de Suzy. No último dia 30 de maio, estudantes de arquitetura se reuniram no Teatro de Arena da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) – instituição que a jovem estudava – para lembrar o caso.

Estudantes e familiares de Susy organizaram manifestação em frente ao Hospital Goiânia Leste (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Estudantes e familiares de Susy organizaram manifestação em frente ao Hospital Goiânia Leste (Foto: Reprodução/Redes Sociais)