O Natal mais melancólico do resto de nossas vidas
Responsabilidade impõe evitar festas familiares e aglomerações
“Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”. Essa grande canção de Wander Wildner me acompanha em vários momentos da vida. E sempre volta em minha cabeça quando é Natal. Eu não gosto de Natal. E esse de 2020 está pior ainda. Por motivos óbvios.
Findada a infância, minha empolgação pueril com a data acabou. Com a adolescência, o Natal se transformou em uma data melancólica. Eu levava o catolicismo a sério. Queria me aproximar dos preceitos cristãos no Natal.
Olhava para um lado, olhava para outro… Eu não via Jesus Cristo na comemoração. Isso me deixava triste, reflexivo, incomodado. Até hoje, esse sentimento permeia minha visão sobre o Natal. Pra você ver como minha sólida formação católica me colocou dramas existenciais dos quais até hoje não consegui me desvencilhar.
O terrível ano de 2020 intensificou ainda mais essa percepção melancólica do Natal. Pela primeira vez, vou ficar somente o meu núcleo familiar exclusivo que dividimos o mesmo teto na ceia. Não por vontade, mas por senso de responsabilidade. E medo. Não quero concorrer com a imensidão de pessoas que não serão prudentes e lotarão consultórios, emergências, hospitais, enfermarias, UTIs e cemitérios no mês de janeiro.
A covid-19 nos tirou muitas coisas em 2020. Muitas. A ceia de Natal é só mais uma dessas.
Torço que nunca mais tenhamos um Natal como o desse ano. Que 2020 seja uma triste exceção em toda a nossa (torço) longa existência.
Desejo a você, nobre leitor, um Feliz Natal. Cuide dos que você ama. O Natal do ano que vem será melhor.