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O que você vai fazer quando a quarentena acabar? Goianos respondem

Mais Goiás ouviu pessoas de profissões, idades e estilos de vida diferentes. Veja o que elas responderam

O que você vai fazer quando a quarentena acabar? O Mais Goiás fez esta pergunta para pessoas de profissões, idades e estilos de vida diferentes. As respostas variam, mas no fim convergem para o sentimento único de que seremos felizes e faremos o que gostamos quando a ciência descobrir como enfrentar o coronavírus. E o mais importante: ao lado de quem amamos. Veja o que disseram alguns personagens ouvidos pela reportagem: 

Evanicléia Ferreira
Agente comunitária de saúde da prefeitura de Goiânia 

Evanicléia e a mãe, Margarida Ferreira, em uma festa na escola da pequena Ana Júlia, em dezembro de 2019 (Foto: Arquivo pessoal)

Quero ir à igreja, encontrar todos os irmãos e fazer um churrasco. Não aguento mais ficar em casa sábado, domingo e todos os outros dias. Minha filha Ana Júlia, de 8 anos, quer ir à escola e também rever as amigas da igreja. Claro, estou morrendo de saudade de reunir a família toda. Conto as horas para fazer uma festa de aniversário de 74 anos para minha mãe.

Ana Izabel Costa de Menezes
Médica infectologista, sexóloga e consteladora familiar

Ana Izabel Costa de Menezes (Foto: Arquivo pessoal)

Vou retomar projetos que ficaram no aguardo. Mas, antes de mais nada, vou fazer uma boa festa na minha casa para meus amigos do coração. Os que não puderem ir eu irei abraçá-los de Norte a Sul. Vou colocar minha mochila nas costas e vou viajar, para a alegria da minha alma. Os amores, só os reais. Sentir o quanto é insubstituível o calor da presença verdadeira do outro e falar no silêncio do olho no olho. Como é bom enxergar o futuro com alegria! Para o momento atual, só agradeço a vida. E assim vou vivendo e me adaptando, como todos nós.

Viviane Araújo Silva, professora e alfabetizadora
Trabalha na escola municipal Hilarindo Estevam de Souza, no Parque dos Buritis, em Goiânia.

Viviane com o cachorro deficiente que ela adotou (Foto: Arquivo pessoal)

“Quando a quarentena acabar, eu quero levar adiante o sonho de abrir um negócio para minha família. Pensei em uma pamonharia,  mas uma loja de ração não seria má ideia. Amo animais. No bairro onde eu moro, há muitos animais abandonados. Trato de todos que posso. Comigo vivem quatro gatos de rua e um cachorro deficiente, pra quem fiz uma cadeira de rodas. Depois da quarentena, eu também quero conhecer a Itália. Comemorar os 30 anos de casado com meu marido em Veneza. Só meu marido, meus filhos não (risos). Posso falar de outro sonho? Terminar a obra da minha casa”. 

Alexandre Cabral, gerente de perecíveis de supermercado
Trabalha no supermercado Assaí, em Goiânia

Alexandre Cabral em dia de trabalho no supermercado. Foto: Instagram

“Não vejo a hora de voltar ao estádio para ver um jogo do Atlético Goianiense. Saudade de ouvir a torcida gritar “Dragão, Dragão!”. Uma das minhas primeiras providências pós-coronavírus será tomar um chopão de 600 ml no bar. Quero também reunir os amigos para fazer um churrasco. No domingo (19) eu assei uma carne e tomei uma enquanto assistia às lives do Bruno e Marrone, Gusttavo Lima, Israel e Rodolfo e Alexandre Pires, mas sem eles não é a mesma coisa. Também quero levar minha namorada, Núbia, para Maceió. 

André Fernandes Evaristo
Chef de cozinha

Chef André Evaristo (Foto: Arquivo pessoal)

Essa quarentena me fez pensar (e mudar) a maneira como eu administro o meu negócio. Daqui para frente, eu quero ser mais cuidadoso com os meus colaboradores. É triste ver alguns em dificuldade e não conseguir ajudar como eu gostaria. A maioria de nós, empresários, não se prepara para enfrentar três ou quatro meses de pane total – como a que estamos enfrentando agora. É um erro. Fui obrigado a dispensar cinco dos meus sete funcionários. Também quero estar mais próximo das pessoas que amo. Faz meses que não vejo minha mãe. Hoje, mais do que nunca, eu dou valor no contato com amigos e familiares. Não aguento mais rodar o Netflix. 

Leandro Ferreira
Personal trainer 

Leandro Ferreira, personal trainer (Foto: Arquivo pessoal)

Além de visitar minha mãe e minha avó, que moram em Abadiânia, quero trabalhar muito. Este é meu principal desejo. Voltar a dar aulas presenciais para os meus alunos. Também quero investir mais no meu projeto de aulas e consultorias online, algo no qual eu já vinha trabalhando. Com esta quarentena, eu me convenci ainda mais do quanto é importante desenvolver um trabalho consistente na internet. Estou com vários planos. Eu também pretendo voltar a frequentar a academia – aonde não vou desde o dia 15 de março – e fazer coisas comuns, que todo mundo gosta de fazer, como ir ao cinema e ao shopping. Claro que com comedimento, porque a minha renda caiu em função da crise e eu não vou poder gastar muito nos próximos meses. 

Juliana Osório de Sousa, 29
Professora de educação infantil no CMEI Beija-Flor 2, no bairro São Carlos

Juliana Osório: à espera do filho Lorenzo (Foto: Arquivo pessoal)

Estou com vontade de ir à feira da Lua, ao shopping, bater perna e olhar coisas que eu não posso comprar (risos). Fazia isso praticamente toda semana com meu marido e minha filha, de oito anos. Quando a quarentena acabar, quero matar a saudade dos almoços de domingo na casa da minha avó. A minha família gosta muito dessas reuniões. E queira Deus que a quarentena acabe antes do meu aniversário, em maio, porque quero fazer uma festinha! Também preciso comprar o enxoval e arrumar o quarto do meu filho Lorenzo, que nasce no fim de agosto ou começo de setembro. Até agora eu só tenho as fraldas do chá de revelação. 

Ivan Lucas de Paula
Publicitário e professor, trabalha no sistema Faeg

Ivan Lucas (à esquerda) em dia de jogo do Goiás. Foto: arquivo pessoal

Você não imagina como estou com saudade de ver o Goiás jogar enquanto como um disco e tomo uma coca! Eu fazia isso praticamente todo fim de semana, sou sócio-torcedor. É uma forma de desestressar. Enquanto não posso voltar ao estádio, estou assistindo a jogos antigos. Assim que a quarentena acabar, também quero voltar a frequentar a minha igreja evangélica. que tenho acompanhado só online. Faz falta a comunhão com a comunidade. O jeito é passar o tempo aqui em casa com a família, jogando aqueles jogos de tabuleiro e de cartas que faziam sucesso no passado. Brincamos de “Uno” um dia desses. 

Alessandro Alves Moreira
Coordenador na academia Bodytech, em Goiânia

Alessandro Moreira, coordenador da academia Bodytech (Foto: Arquivo pessoal)

Eu vou à cachoeira do Abade (Pirenópolis), tomar um banho de água gelada. Renovar as energias e agradecer por tudo o que tenho, do mais complexo ao mais simples, como o direito de ir e vir. E recomeçar a organização do meu casamento que seria em setembro e teve de ser adiado para maio de 2021. O nosso maior fornecedor nos deu a opção de trocarmos a data e até de reduzir a quantidade de convidados. Tudo está sendo avaliado. Depois da quarentena, teremos também que retomar o pagamento das contas do casório.

Sérgio de Sousa Sintra
Pastor da Igreja Luz para os Povos Flamboyant

Pastor Sérgio e a esposa (Foto: Arquivo pessoal)

Quero abraçar as pessoas da minha igreja. Lá temos o hábito de nos cumprimentarmos com abraços e beijos. Sinto falta de ver a igreja cheia durante um culto! Sinto falta também de fazer um bolo de fubá e um cafezinho para os nossos irmãos todo domingo de manhã. O bolo até que faz sucesso. Com a minha esposa e os meus dois filhos, de 18 e 14 anos, eu quero viajar para uma praia do Nordeste assim que a quarentena acabar. E com certeza levar meus meninos em um jogo do Goiás, time para o qual eles torcem.

Tadeu
Goleiro do Goiás

Tadeu, goleiro titular do Goiás (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Uma coisa que eu quero muito é voltar à rotina, aos treinos, poder jogar. Estou torcendo para que não demore até que a gente possa ter a torcida junto. É grande a ansiedade para voltar a jogar ao lado do torcedor. Ao final dessa quarentena, quero que todos da minha família estejam bem, em especial a minha filha, de nove meses. E que a partir de agora a gente consiga conviver em um mundo com mais respeito. É preciso entender que todos somos iguais, independente de classe social, condição financeira. Que todo mundo tenha um pouco mais de humildade.