OAB-GO: presos dizem que mortes na CPP de Aparecida (GO) ocorrem por “guerra entre facções”
Internos também disseram que os homicídios "seriam uma suposta reação à reorganização do sistema, com a consequente movimentação de reeducandos entre as alas da unidade"
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) soube da quarta morte na Casa de Prisão Provisória (CPP) do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia no mesmo dia que fez uma vistoria no local – por causa das três primeiras mortes que ocorreram na semana. À OAB-GO, os presos disseram que os homicídios por “conflito entre facções internas”.
Ainda à entidade, eles disseram que os homicídios também “seriam uma suposta reação à reorganização do sistema, com a consequente movimentação de reeducandos entre as alas da unidade”. Vale lembrar, as três primeiras mortes ocorreram na terça-feira (26) e representantes da ordem visitariam o local no mesmo dia. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), todavia, informou que não seria possível na data.
“Em situações excepcionais como as desta data, em que estão envolvidas questões técnicas e de segurança, as vistorias precisam ser sobrestadas [suspensas] ou reprogramadas para outras datas.”
Quarta morte
De acordo com a DGAP, a quarta vítima foi identificada como João Victor Nunes Araújo Guedes. Ele estava preso por furto e foi morto na noite de quarta-feira (27). A morte ocorreu após colegas o agredirem durante um tumulto.
O preso foi socorrido e encaminhado ao Posto de Saúde da Unidade para os atendimentos necessários. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e, ao chegar à CPP, constatou e atestou o óbito do preso.
A DGAP diz que procedimentos administrativos internos foram abertos para apuração do fato e circunstâncias do ocorrido. Os primeiros apontamentos dão conta que, durante tumulto entre presos da mesma cela, a vítima foi agredida por seus companheiros. “A ordem e disciplina dentro da unidade fora restabelecida”, diz a nota da administração.
Outros casos de morte na CPP
Outros três presos que aguardavam julgamento foram assassinados na manhã de terça-feira (26). Além de terem sido esfaqueados por colegas de cárcere, os detentos tiveram os corpos pendurados pelo pescoço na entrada das celas. Existem rumores de que criminosos de facções rivais teriam entrado em confronto durante a madrugada.
Os detentos assassinados foram identificados como Paulo Cesar Pereira dos Santos, Hyago Alves da Silva e de Matheus Junior Costa de Oliveira. De acordo com a DGAP, Paulo Cesar havia sido preso por roubo, enquanto Hyago e Matheus aguardavam julgamento por homicídio.
Confira a nota da OAB-GO na íntegra:
“A OAB-GO foi informada da ocorrência de mais uma morte de detento nas dependências da CPP, a quarta na semana, na quarta-feira (27), e vai acompanhar as apurações, a exemplo do que já faz em relação às mortes de três outros apenados. Também dará o suporte à família da vítima, por intermédio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH).
Na mesma quarta-feira, integrantes da CDH realizaram uma vistoria da CPP, onde tiveram a oportunidade de entrevistar alguns detentos. Os apenados alegaram que as mortes seriam uma suposta reação à reorganização do sistema, com a consequente movimentação de reeducandos entre as alas da unidade. Mencionaram, ainda, a hipótese de conflito entre facções internas. O reeducandos também denunciaram à CDH restrições de direitos de visitação e de banho de sol.
A OAB-GO acompanha as apurações e espera a célere conclusão formal do inquérito pela Polícia Civil.”