Obesidade atinge quase 18% da população goianiense
Especialista destaca que o problema é uma pandemia mundial e deve ser encarado como uma doença
A população de Goiânia está cada vez mais acima do peso. Dados da pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigital) do ano passado, destaca que 50,7% da população está acima do peso e 17,9% estão obesas. O número chama atenção pelo fato da obesidade acarretar outras doenças.
Ainda conforme a pesquisa, os números são bem maiores do que os registrados na realização do questionamento em 2016, que apontava que 48,5% dos goianienses estavam acima do peso. A grande preocupação com esses quilos a mais é que eles podem provocar o surgimento de doenças como diabetes e hipertensão. A pesquisa destaca que, em 2016, a 7,6% da população da capital possuía diabetes e 23,9% eram hipertensas.
A nutricionista e subcoordenadora de vigilância nutricional da Secretaria do Estado da Saúde (SES), Maria Janaína Cavalcante Nunes, destaca que a pessoa é considerada obesa quando o Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 quilos por metro quadrado. Para se chegar ao resultado, é necessário pegar o peso e dividir pela sua altura. “É importante a pessoa saber fazer essa conta, pois ela mesma pode ter o controle e evitar que chega a consequências mais grave”, destaca.
Qualquer pessoa pode desenvolver a obesidade e em qualquer idade. A nutricionista destaca que, atualmente, muitas crianças estão obesas. Somente em Goiás, mais de 7%, entre 0 a 5 anos, estão obesas diante o cálculo IMC x idade. “Há muitos estudos desenvolvidos que mostram que essas crianças que não se tratam desde cedo, acabam levando essa obesidade para a adolescência e, posteriormente, para a vida adulta”, conta.
Motivos
Segundo a pesquisa do Vigitel, a obesidade cresceu 60% em 10 anos e atinge de forma igualitária homens e mulheres. A má alimentação é o principal fator que pode acarretar a obesidade. Segundo a nutricionista, isso ocorre devido a correria que boa parte da população vive hoje em dia. “Sabemos o ritmo de vida que a pessoa leva acaba levando as pessoas sofrerem um transição nutricional. Isso significa que ela deixa de comer produtos saudáveis para se alimentarem de alimentos industrializados, ricos em sal, gordura e açúcar”, destaca.
Além disso, Maria Janaína outro fator que pesa em relação ao sobrepeso é o sedentarismo. Conforme explica, devido a rotina, muitas pessoas deixam de se exercitar por conta do cansaço do dia-a-dia. A nutricionista também destaca que a falta de segurança também impacta muito na qualidade de vida das pessoas. “A obesidade é um problema de saúde pública e merece ser debatida em todas as esferas envolvidas. Muitas pessoas se sentem desprotegidas ao saírem das suas casas para dar uma volta na pista do parque”, relata.
Prevenção
Maria Janaína explica que é realizado um treinamento com profissionais dos Programa Saúde da Família (PSF) para se entender o diagnóstico, manejo e tratamento da obesidade. Além disso, ocorre a educação nutricional em creches e escolas. “O objetivo já é a prevenção da obesidade e a reversão do quadro para o melhoramento de hábitos alimentares”, explica. Ela destaca que é de extrema importância inclusão de frutas e hortaliças no cardápio, assim como a ingestão de alimentos integrais.
Além disso, ela ressalta a retirada dos hábitos alimentares os produtos industrializados, o excesso de sal e de gordura. Segundo ela, além da diabete e hipertensão, a obesidade acarreta até no desenvolvimento do câncer. “A obesidade é uma pandemia mundial e passou da hora de ser vista como uma doença e não apenas o fator principal para o aparecimentos de outras”, ressalta.
Segundo a Gerência de Doenças e Agravos Crônicos Não Transmissíveis, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), algumas unidades de saúde estão oferecendo grupos de controle de peso, inclusive voltados para o público infantil. Apesar disso, a pasta destaca que que estão sendo desenvolvidos iniciativas para que novos grupos sejam abertos.
A pasta ainda destacou que o atendimento ocorre por meio de atividades educativas e acontece de forma coletiva. Os encontros são conduzidos por médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, entre outros. Cada encontro acontece baseado em temáticas e profissionais de cada área acabam sendo convocados como nutricionistas, psicólogos e professores de educação física para ajudarem no combate à obesidade.
Caso seja necessária um atendimento de forma individual, o profissional acaba sendo encaminhado para especialidade necessária. O projeto que é destacado pela gerência é para combater a população infanto-juvenil denominado Pipoca (Programa de Intervenção e Prevenção da Obesidade para Crianças e Adolescentes) que ocorre no Cais Parque das Amendoeiras e existe desde 2006.
Cerca de 300 crianças já foram atendidas e as ações são voltadas, principalmente, na reeducação alimentar. A família também é envolvida no processo e sempre é realizado um controle posterior para verificar se houve mudanças no hábitos alimentares e redução ponderal.
*João Paulo Alexandre é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.