Saúde pública

Obesidade infantil: mais de 14% das crianças estão obesas em Goiás

Em 2023, Goiás registrou mais de 40 mil crianças de até 10 anos com excesso de peso, ou seja, acima do peso considerado saudável

Obesidade infantil atinge mais de 14% das crianças em Goiás. Foto - Pixabay

A obesidade tem se tornado um problema cada vez mais frequente entre crianças e adolescentes. Um estudo conduzido por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London, divulgado nesta semana, mostra que as crianças brasileiras estão mais obesas.

Em Goiás, o cenário é de alerta. Dados do Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), revelam que, em 2023, o Estado chegou a registrar 14,23% de crianças entre 5 e 10 anos obesas. Em números absolutos, isso significa que mais de 35 mil crianças estavam obesas no ano passado.

Ainda segundo o levantamento, Goiás registrou mais de 40 mil crianças de até 10 anos com excesso de peso. Ou seja, cerca de 20% delas estavam com o peso acima do que é considerado saudável. O alerta também vale para os adolescentes, que somam 41.867 e estão acima do peso.

Esses números chamam a atenção de especialistas da área da saúde. A médica nutróloga Aline Longatti explica que o excesso de gordura, principalmente em crianças, pode causar vários problemas e doenças crônicas, reduzindo a expectativa de vida.

“A criança vai passar mais anos obesa, aumentando o risco e a exposição do organismo ao desenvolvimento dessas doenças. Desde pequena, em fase de crescimento, a criança já está exposta a uma resistência e insulina aumentada, podendo desenvolver pressão arterial, sobrecarga renal e cardíaca, o que aumenta o risco de exposição a comorbidades”, explica a médica ao Mais Goiás.

Problemas

Considerada um complexo problema de saúde pública em todo o mundo, a obesidade infantil pode ser a porta de entrada para diversas doenças crônicas. A nutróloga Aline Longatti explica que a criança obesa pode desenvolver vários problemas que afetam sua saúde e desenvolvimento.

Segundo a especialista, essa criança pode desenvolver obesidade mórbida na fase adulta, além de enfrentar doenças respiratórias como asma e apneia do sono, bem como problemas ortopédicos devido à sobrecarga e ao excesso de peso nas articulações, como problemas de coluna ou joelhos. Além disso, a obesidade infantil está associada a disfunções do fígado, diabetes, colesterol alto, hipertensão arterial, acne, assaduras devido ao excesso de gordura e até mesmo alguns tipos de fungos.

A relação entre obesidade infantil e hábitos de vida também é crucial. Mudanças no perfil alimentar das crianças e o aumento do tempo de tela (sedentarismo) contribuem para esse cenário. A médica nutróloga destaca que o ideal para evitar esses riscos é incentivar a prática de atividade física e melhorar a qualidade da alimentação.

Para a nutróloga, para combater a obesidade infantil, é importante promover mudanças nos hábitos e rotinas em casa e na vida da criança. ”Isso inclui reduzir o tempo de exposição à tela para diminuir a ansiedade. Em alguns casos, é recomendado buscar terapia e apoio psicológico”, explica. 

Além disso, a especialista ressalta a importância da amamentação, destacando que o leite materno é o alimento mais completo para bebês e está associado à redução de infecções e doenças, incluindo a diminuição da obesidade infantil.

Combate e prevenção

Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), desenvolve programas para o combate e prevenção da obesidade infantil. Um deles é o programa Saúde na Escola (PSE), projeto interministerial do Ministério da Saúde, com 13 ações, sendo uma delas a alimentação saudável e prevenção a obesidade, que teve como tema prioritário no ano passado, a obesidade.

De acordo com a pasta, o programa é desenvolvido em todos os municípios de Goiás, com a implantação de hortas e oferta de alimentos saudáveis nas escolas. Além de outras iniciativas, como o programa Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (Proteja) que funciona em 24 municípios goianos, com recursos federais. 

A pasta reforça que o Programa 7 Ampliação do Proteja, que faz parte do Projeto de Cofinanciamento das ações de vigilância em Saúde do Estado, visa incentivar os municípios selecionados a executarem ações em todos os espaços frequentados pelas crianças e suas famílias com vistas à prevenção e atenção à obesidade infantil e contribuição para a oferta de ações de saúde para crianças e adolescentes com excesso de peso.