Desmoronamento

Obra pode ter causado desmoronamento parcial de duas casas no Jardim Goiás

Segundo moradores e a Defesa Civil, casas tinham danos estruturais provocados por obra na vizinhança. Chuva desta segunda (2) pode ter agravado o problema. Construtora nega ter gerado a situação, mas irá promover alojamento aos inquilinos e reparos nas instalações

Moradores da Rua 32 no Setor Jardim Goiás passaram por momentos de desespero após a chuva de segunda-feira (2). Duas casas sofreram desmoronamentos parciais que comprometeram a segurança das instalações.  Uma das famílias inquilinas residentes do local aponta uma obra que ocorre desde dezembro no lote vizinho como causadora dos danos. Segundo a estudante de Direito Karoline Acácio (23), que mora com os pais Ubiratan Maranhão (52) e a mãe Wilma de Faria (56) em uma das casas afetadas, rachaduras passaram a surgir com o início das obras conduzidas pela Primus Engenharia.

Para Karoline, intensificados pelo período chuvoso os problemas resultaram nos desmoronamentos. “Ontem meus pais estavam sentados na sala quando começaram a correr e me chamar. O vidro de uma das janelas estourou. Outra parte foi trincando de modo quer dava pra ver lacunas através das rachaduras.  Pedaços de terra começaram a cair em cima das coisas, empoeirando celulares e óculos. O reboco da cozinha tinha caído e um buraco foi formado no chão. Ligamos pra Defesa Civil e saímos da casa, que desmoronou. Pareceu um terremoto, foi horrível”, revela.

Parte da cozinha, da área de serviço e do muro que faz divisa com a obra foram ao chão, segundo o coordenador da Defesa Civil municipal Francisco Vieira. “Interditamos dois imóveis. Uma das residências era habitada por dois homens, que são do Tocantins e não tinham para onde ir. A construtora se comprometeu a pagar hotel para eles durante 40 dias. A família, por outro lado, ficará abrigada na casa de um dos filhos do casal”.

De acordo com o aposentado Ubiratan, a família ficou chocada com a situação. “Minha esposa chorou demais essa noite. Foi muito susto e também prejuízo. Agora estou aqui na obra para acompanhar as coisas porque nossos bens ainda estão na casa. É tudo o que a gente tem. Precisamos sair às pressas para a casa da minha filha, agora temos que encontrar outro lugar que conseguimos pagar.  Estou fazendo até um chá de cidreira para acalmar os ânimos e vou compartilhar com o pessoal das obras. Só de ninguém ter machucado ontem, já é um milagre de Deus”, comenta.

Defesa Civil

Como os moradores, Francisco entende que o problema foi gerado pelo processo construtivo. “houve desmoronamento do terreno, a terra cedeu por baixo e desmoronou. Não vimos nenhuma placa com identificação da obra e vamos acionar o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e a Fiscalização Urbana para que eles apurem se há um responsável técnico pela obra e se a mesma possui alvará permitindo a construção”.

Conforme explica Francisco, a primeira solicitação de visita ocorreu na sexta-feira (30), quando a Defesa Civil constatou rachaduras e afundamento do piso. “Até então não tinha chovido. Assim permitimos que as pessoas permanecessem, mas sob a orientação de que entrassem em contato se houvesse qualquer situação agravante – como chuvas fortes. Ontem, com a chuva, o terreno cedeu do lado da construção, provocando desmoronamento parcial dos barracões”.

Segundo o coordenador, a construtora está realizando a contenção do problema com muro de arrimo e irá providenciar reparos dos barracões, para que os moradores possam retornar. “Interditamos como medida de segurança, informamos a proprietária e a interdição só será retirada após emissão de um laudo do Crea garantindo a estabilidade das edificações”.

Construtora

De acordo com o engenheiro civil responsável pela obra, Leonardo Martins, o trabalho no lote foi iniciado em dezembro, mas explica que um antigo proprietário do terreno havia realizado escavações no subsolo, o que agravou a situação.

“Somado a isso, temos a situação em que as casas foram construídas. As residências desmoronadas são dois barracões instalados ao fundo de uma casa maior, onde residem os pais da proprietária. Quando as edículas foram construídas, não foram bem estruturadas. Aproveitaram um muro de dividas para fazer um dos cômodos e todo o terreno foi pavimentado, de modo que a água não tinha por onde escoar e acabaram por infiltrar na beirada do muro, que foi deteriorando a estrutura em geral”, alega.

De uma das residências destruídas, é possível ver canteiro de obras (foto: reprodução)

Ainda segundo Leonardo, a construtora realizou proteções, mas não deu certo. “Com autorização dos moradores e da proprietária, demolimos uma parte das residências que estava comprometida, mas a outra acabou desmoronando com a chuva de ontem, que foi muito forte”.

Segundo ele, a construtora irá fornecer apoio e alojamento para os moradores, bem como irá providenciar os reparos necessários. “Já conversamos com a proprietária e tudo o que precisar a construtora vai dar apoio. Ela ia conversar com os inquilinos para decidir um local que fique bom pra eles. Vamos alugar uma casa ou pagar diárias de hotel para eles”.