Ocupantes do Residencial São Marcos recebem nova investida da Guarda Civil
Prefeitura de Goiânia diz que negocia solução para as famílias
Fim de semana difícil para os ocupantes do Residencial São Marcos, na região Oeste de Goiânia. Segundo Rafaela Félix, que faz parte do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e tem dormido no local, as cerca de 15 famílias que permanecem na ocupação tinham montado um novo acampamento, mas foram novamente retiradas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), no domingo (19). Ela alega intimidação.
GCM, por sua vez, diz ter ido ao local por denúncia de nova tentativa de invasão e que fez um acordo para que os pertences dos presentes permanecessem por lá. Além disso, reforçou que as famílias ainda estão no local.
Sobre a mudança de terreno, Rafaela lembra que os moradores estão na rua desde o despejo do dia 3 de julho e, por isso, começaram a estudar outros locais para irem. “A rua está bastante insalubre”, complementa.
Desta forma, segundo ela, no sábado (18) os moradores resolveram montar um novo acampamento a duas quadras do terreno original. “Então, eles construíram as barracas e colocaram os móveis e, no domingo, a GCM foi no local e mandou desmanchar e tirar tudo. Eles disseram que se em 15 minutos não fosse desmanchado, a ‘coisa ficaria feia’”, relata.
“Então eles desmancharam”, continuou. “Retiraram os móveis e voltaram para a rua.” Segundo ela, os ocupantes montaram as barracas novamente, à noite, para poderem dormir.
Caso
Rafaela lembra que, desde o último dia 3, quando houve o desmonte das barracas em ato administrativo da Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), os ocupantes estavam na rua. No dia 10, após reunião com a titular da pasta, Zilma Campos Peixoto, foi reiterado que a única opção era pelo encaminhamento dos ocupantes para a Casa de Acolhida.
“As famílias não quiseram, pois iriam ser separadas e porque se trata de um local superlotado”, relata a membro do MLB. Segundo ela, não haveria lugar para os pertences e aqueles que trabalham ficariam muito longe.
“O prazo para saída do São Marcos era a última sexta-feira (17), mas, por ainda não haver outra opção para essas famílias, foi estendido até esta segunda (20)”, relatou Rafaela ao dizer que teme o despejo ocorrer já nesta terça (21).
Prefeitura de Goiânia
A Guarda Civil Metropolitana, por meio de nota, informou ter recebido a denúncia na manhã de domingo, pelo 153, sobre nova tentativa de invasão (montagem de barracas) na área pública municipal destinada a um Centro de Educação Infantil (CMEI), no Residencial São Marcos. “Um acordo foi feito para que os pertences permaneçam por lá, e a GCM continuará fazendo o monitoramento”, relatou, uma vez que as famílias ainda estão no local.
Já a Seplanh reforçou que já realizou o cadastramento habitacional e negocia uma solução com as famílias, sendo que algumas estão organizando a ida para casa de parentes, enquanto para as demais permanece a oferta de abrigo na casa da acolhida da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).
Conforme o texto, a Semas, inclusive, oferece a possibilidade de acolhimento de famílias completas em ambientes exclusivos. “Para que não haja separação de crianças e pais.”
Não foi falado sobre data definitiva de despejo e nem sobre as acusações de intimidação por parte da GCM.
Resumo
No último dia 3, os moradores tiveram seus barracos destruídos em ação de despejo autorizada pela Seplanh, mas permaneceram no local. No sábado (4) à noite, eles foram surpreendidos pela Polícia Militar. Segundo a secretaria, o pedido não partiu da pasta. Posteriormente, naquela mesma data, a Ronda Municipal (Romu) da GCM chegou ao local.
De acordo com a GCM, a ida da Romu “se deu por solicitação da Polícia Militar, que recebeu denúncia via Copom (Centro de Excelência no Atendimento de Emergências) de tentativa de invasão de área pública”.
No entanto, ao chegarem ao local, ainda segundo a nota, PMs constataram se tratar de área pertencente ao município e solicitaram apoio de agentes municipais “visando manter a ordem pública no local”.