ONG adia para maio vinda de 20 famílias de venezuelanos para Goiânia
A mudança vai ter que esperar. 20 famílias, cerca de 100 venezuelanos, que viriam de…
A mudança vai ter que esperar. 20 famílias, cerca de 100 venezuelanos, que viriam de Boa Vista (Roraima) para Goiânia em abril, tiveram a viagem adiada. A vinda não está cancelada, eles ainda virão em maio ou junho, conforme relata Kassia Freitas, gerente de marketing da Organização Não Governamental (ONG) Obras Sociais Centro Espírita Irmão Áureo (Osceia). Tudo isso por conta da pandemia do novo coronavírus.
“São mais ou menos 100 pessoas”, explica Kassia. “Mas já temos feito campanhas para arrumar casas e montar novos lares”, antecipa. “Eles estão vivendo em calamidade por lá.”
Vale destacar que a Osceia já recebeu 25 famílias venezuelanas, cerca 120 pessoas, no fim do ano passado, na capital. Bebês, crianças, adultos e idosos. Recebidos pela ONG, o grupo foi todo acomodado e passa bem, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, conforme a gerente de marketing.
Ele explica que a maioria das famílias já conseguiu emprego e que alguns, inclusive, se mudaram das casas disponibilizadas pela ONG para locais próximos do trabalho. “Mas temos contatos com todos, que ainda vêm uma vez por semana na Osceia.” O grupo doa, quinzenalmente, cestas básicas.
Acerca da pandemia, ela afirma que a ONG tem orientado, conforme o governo, pela quarentena. Além disso, tem dito que aqueles já empregados sigam as orientações dos empregadores, visto que alguns atuam em trabalhos essenciais. “Mas ainda apoiamos todos, bem de pertinho”, garante.
Apoio
Rosana Maria Ferreira Borges, vice-presidente da Osceia, reforça que o apoio continua às famílias. “Alguns saíram do emprego, pois era por contrato de experiência. É uma situação muito difícil”, revela. “Todos estão apreensivos.”
Ele explica que o grupo tem tomado as preocupações por conta da pandemia, com equipamento de proteção individual (EPI) e distanciamento recomendado, mas que continua em atuação. “Quem tem fome vem atrás”, revela sobre a importância da distribuição de cestas básicas. “Mas tudo tem sido feito sem aglomerações. Em casos de grupo de risco, vamos até as famílias.”
A instituição registrava cerca de 2 mil atendimentos diários antes do isolamento. Não somente os venezuelanos, mas todos que vão em busca de ajuda. “As atividades estão suspensas, mas a Osceia é um porto seguro. Faltou alimentos, eles buscam.”
Nesta quarta-feira (1o), inclusive, Rosana celebrou a doação de 260 kg de alimentos. A Osceia foi uma das organizações beneficiadas pelo cantor Gusttavo Lima, que fez uma live beneficente, no último fim de semana. “Veio em boa hora. As nossas prateleiras estavam vazias, pois distribuímos o que ganhamos”, declara Rosana.
Venezuelana
A família de Anyuli Roja chegou com as outras em Goiânia, no fim do ano passado. Ele confirma o apoio e orientação da Osceia. De quarentena, ele vive com um filho de quatro anos e outro de três, e com o marido, que é caseiro em uma chácara. Ela também tem emprego, mas, no momento está em casa com as crianças. “Só meu esposo que sai. Estamos em casa”, revela a venezuelana que começou no trabalho de limpeza e hoje é operadora de caixa em uma loja ligada à própria ONG.
Ela, que também veio de Boa Vista, Roraima, revela que lá era muito difícil. “Fui muito explorada”, lembra os dias difíceis, mas sem entrar em detalhes. “Mas os goianos têm o coração muito grande.”
Roraima
O Padre jesuíta Ronilson Braga, de Roraima, é o contato entre Goiânia e Boa Vista. Segundo ele, a situação está muito difícil, pois a mídia deixou de de falar da migração como se ela estivesse resolvida, o que não procede. “A fronteira fechou por conta do coronavírus, mas não duvido que ainda continuem chegando”, refere-se aos venezuelanos.
“Mas a migração não é problema, é uma questão humana. As pessoas se movimentam.” O problema real, segundo ele, é que em decorrência do coronavírus as doações de alimentos têm ficado escassas. E, no local, vivem cerca de 200 famílias. “As casas estão super cheias em um momento que não deve haver aglomeração. Eis a nossa preocupação.”
Ele explica que a maioria das famílias não tem poder de compra, então fazem fila para comer, especialmente, na igreja. “Mas talvez não aguentemos mais de uma semana.” Ronilson relata, inclusive, que tem pedido ajuda a outros Estados.
O ideal seria que as 20 famílias pudessem, de fato, vir a Goiânia em abril. “Todos passaram por entrevista e exames do coronavírus, mas os municípios para onde vão estão fechados. Nos Estado de Minas e Santa Catarina, por exemplo.” Na capital goiana, a situação é diferente. “A cooperação ainda está se organizando e espero que dê o sinal verde, em breve.”
Ele destaca que sua pastoral tem parceria com a Operação Acolhida e eles estão preparados para enviar aviões. “Mas os nossos receptores precisam poder receber.”
Por fim, o religioso reforça que os desafios não são poucos. Mas a fé persiste.