“Ou a gente morre de vírus ou morre de fome”, diz associação da Feira Hippie
Feirantes ameaçam fazer manifestação nas ruas caso não haja assistência do governo. Eles reivindicam pagamento de um salário mínimo pelo prazo de três meses
Os trabalhadores da Feira Hippie de Goiânia irão às ruas caso o governo não ofereça assistência a eles. Essa é a posição da Associação dos Feirantes da Feira Hippie de Goiânia. Eles afirmam que estão sem qualquer ajuda do governo e exigem o pagamento de um salário mínimo por um prazo de três meses para que possam se sustentar durante a quarentena causada pelo coronavírus.
A associação informou que os trabalhadores estão sobrevivendo graças a doações e ajuda de amigos. Os feirantes estão pensando e meios de como fazer uma manifestação para chamar a atenção do poder público. A ideia é que o formato seja definido até sábado (28).
De acordo com o presidente da entidade, Waldivino da Silva, os micro empresários e trabalhadores informais da feira estão em uma situação insustentável. Ele reclama que, desde a publicação do decreto, no dia 17 de março, não houve nenhuma posição do governo com relação à Feira Hippie.
“No dia 16 o feirante fez compras e pagou os credores. No dia 17 veio o decreto. Hoje nós estamos passando dificuldade de boca. Não podemos vender a mercadoria nem conseguimos trabalhar. Tem feirante que tinha 60 reais na carteira quando veio o decreto”, disse o presidente.
Waldivino ressaltou que os feirantes vão respeitar a quarentena, mas que precisam de apoio do governo para isso. “O governador se reuniu com os representantes dos empresários, das galerias, mas não sentou [sic] com os feirantes da maior feira a céu aberto da América Latina. Ninguém conversou com a gente. Eu tenho 5.575 pessoas na feira hippie. Nós não vamos aguentar até domingo. Ou a gente morre de vírus ou morre de fome”, ressaltou.
Governo oferece crédito facilitado
O Mais Goiás conversou com o sub-secretário de Fomento e Competitividade da Secretaria de Estado da Inústria, Comércio e Serviços (Sic), César Moura. Ele afirmou que o governo do estado ampliou a linha de crédito para micro empresários e trabalhadores informais de R$ 120 milhões para R$ 500 milhões.
Além da ampliação, César afirmou que os prazos e carências também foram modificados. “Aumentamos o prazos de 12 para 24 meses e as carências de 3 para 12 meses de micro crédito. Os valores dos empréstimos vão até R$ 21 mil.”, disse César.
O sub-secretário disse também que as medidas são importantes para atravessar o período. “É uma questão social. São condições e juros mais baratos. Se a pessoa tiver um avalista de um salário mínimo, o crédito já é liberado”, ressaltou.
César informou ainda que o programa tem buscado ampliar ao máximo o número de pessoas atendidas, garantindo facilidades e consultorias, mas lembrou que não se trata de uma bolsa assistencial.
“É uma questão de crédito, não de bolsa. Estamos tratando o informal como empresário e pedimos para ele fazer um plano de negócios. Se ele não conseguir fazer, tem um consultor do Sebrae a disposição. Mas solicitamos que a pessoa tenha pelo menos um MEI (Micro empreendedor individual) porque a pessoa tem acesso até a assistência do governo através dele”.
Solução não agrada a Feira Hippie
A proposta de crédito, entretanto, não é encarada como uma solução para Waldivino. “Programa de empréstimo não funciona. Tem muita gente aqui que tem restrição. Não temos outra fonte de renda. Se o governador não tomar uma providências, vamos pra rua”, concluiu.