Pacientes dizem que médicos do hospital municipal de Abadia receitam “kit covid”
Prefeitura afirma que segue protocolos dos órgãos reguladores e do Ministério da Saúde
O Mais Goiás recebeu a denúncia que o Hospital Municipal de Abadia de Goiás estaria prescrevendo o “kit covid”, que não tem comprovação de eficácia, por suposta orientação da prefeitura. Uma receita que o portal teve acesso mostra a prescrição de azitromicina, ivermectina, mais vitaminas C e D e zinco, e prednisona.
A receita foi para uma pessoa com sintomas de gripe. Uma outra fonte disse ao Mais Goiás ter recebido uma receita de azitromicina e prednisona. “Vi muitas dessas receitas impressas. Todas com o cabeçalho da prefeitura.”
A prednisona, destaca-se, é um remédio anti-inflamatório usado para alergias, distúrbios endócrinos e osteomusculares e doenças dermatológicas, reumatológicas, oftalmológicas e respiratórias, etc. Já a azitromicina é um antibiótico usado no tratamento de várias infecções bacterianas; enquanto a ivermectina serve contra a infestação por parasitas. Nenhum destes tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
O Mais Goiás questionou a prefeitura sobre o uso do “kit Covid” e a suposta orientação para sua receita. A secretaria municipal de Saúde de Abadia de Goiás se manifestou por nota.
“A Secretaria Municipal de Saúde de Abadia de Goiás informa que, referente ao tratamento de Covid-19, segue todos os protocolos dos órgãos reguladores e do Ministério da Saúde e a conduta mais comum é o tratamento de ‘sinais e sintomas’.”
Medicação e “kit Covid”
No Brasil existem seis medicamentos aprovados para uso contra a Covid-19. Eles, contudo, dependem de indicação do médico, sob determinadas condições e sempre em ambiente hospitalar. São eles: remdesivir; baricitinib; Regn-CoV2; regdanvimabe; e sotrovimabe.
Em relação ao “kit Covid”, que inclui itens como cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e até vitaminas, a Associação Médica Brasileira (AMB) defendeu, em março do ano passado, que o conjunto de medicamentos não deveria ser usado no tratamento da doença.
“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida.”