Pai de menino morto em Maurilândia diz que sentiu alívio com prisão de suspeito
Acusado de matar a criança, Valteir Camargo da Silva foi preso na segunda-feira (16), no Mato Grosso
Alívio. Esse é o sentimento que a família do menino Victor Henrique sentiu ao descobrir que o homem suspeito de matar a criança, Valteir Camargo da Silva, foi preso na tarde de segunda-feira (16), no Mato Grosso. O corpo da vítima foi encontrado no dia 27 de abril, em um milharal, na cidade de Maurilândia. Victor estava despido e tinha sinais de abuso sexual.
O pai do menino, Márcio Alves, disse em entrevista ao Mais Goiás esperar que o suspeito pague pelo que fez. “O sentimento é de alívio. A gente torce para que esse monstro, que foi preso agora, pague na justiça, com fé em Deus”, disse. Márcio também afirma que o crime foi “um ato cruel e covarde” e que Victor era “um menino excelente, saudável, humilde”, e que “todo mundo gostava dele”.
Menino morto em Maurilândia por vingança
O suspeito de matar o menino foi localizado e preso preventivamente quase um mês após o crime. Valteir Camargo estava em Conquista d’Oeste, a 200 km da Bolívia. Em entrevista ao Portal Mato Grosso 24h, ele disse que foi esfaqueado no ano de 1997 e resolveu cometer o homicídio contra o garoto para se vingar.
“É vingança. Se eu pudesse cortar, colocar em um saco e comer pedacinhos, eu comia. Ninguém sabe a dor que passei quando fui esfaqueado. Não importa se eu morrer, só sei que vinguei. […] Tentei matar o pai, não consegui, matei o filho”, disse à reportagem ao alegar que deu pelo menos 48 golpes de faca contra o menino.
O pai de Victor negou que tivesse cometido qualquer ato de violência contra o suspeito que pudesse resultar em uma vingança. “Nunca tive nada com esse cara. Conhecia ele de vista, porque a família dele mora aqui na cidade. Mas eu nunca fiz isso com ninguém! Todos aqui me conhecem e saben que eu sou certo com as minhas coisas e jamais ia fazer algo assim”, afirmou Márcio.
Investigações continuam
De acordo com o delegado Maurício Santana, responsável pela investigação, a Polícia Civil tomou conhecimento do relato dado pelo suspeito no Mato Grosso e agora vai apurar os novos fatos que surgiram.
“Foi feito um interrogatório preliminar e, em razão dos fatos novos que surgiram e deixaram muitas dúvidas, estamos solicitando o recambiamento dele [Valteir] para Goiás. Vamos fazer novas oitivas, ouvir mais pessoas para saber realmente o que aconteceu, se a vingança foi mesmo a motivação”, disse.
Perícia contradiz versão sobre facadas
Ainda segundo o delegado, a Polícia parte para uma investigação mais aprofundada para deixar claro a motivação e outros fatores que envolvem o homicídio de Victor Henrique. O investigador ressalta que, por conta do avançado estado de putrefação da vítima, a perícia não conseguiu constatar se houve abuso sexual. “Mas houve sim a constatação de introdução de um pedaço de madeira no reto da criança”, disse.
O laudo pericial, de acordo com Maurício, também não identificou as perfurações citadas pelo suspeito. “Por isso é necessário continuar com as investigações para saber se foi um ato de abuso sexual ou se foi um ato de crueldade motivado pela vingança como ele diz”, destacou o delegado.
Duas identidades
Conforme expõe o investigador, o suspeito usa duas identificações: Valteir e Elton. Ao ser preso, o homem chegou a afirmar que não era o autor do crime e que, na verdade, Valteir era seu irmão. No entanto, após os policiais mostrarem as fotos do foragido, ele parou de negar o fato.
O suspeito vai responder por homicídio qualificado, falsidade ideológica e há possibilidade de ser autuado por estupro de vulnerável, podendo pegar até 50 anos de prisão.