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Pais lutam para plano de saúde cobrir tratamento de criança que se afogou em piscina

Kárita Rodrigues e Rafael Miranda são os pais de Arthur Rodrigues Miranda, que tem 4…

Kárita Rodrigues e Rafael Miranda são os pais de Arthur Rodrigues Miranda, que tem 4 anos e sofreu com uma lesão cerebral grave após se afogar em uma piscina, em Iporá. Eles lutam para que o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) cubra o tratamento do filho, que segue sonolento na enfermaria há seis meses. A criança precisa fazer estimulações cerebrais (o que consiste em desenvolver habilidades adquiridas pelo sistema cognitivo para aprender e executar novas ações).

“Os médicos colocam uma faixa na cabeça dele e pede para a gente observar se o Arthurzinho está reagindo. Por exemplo, a gente chamar ele e ele querer mexer o olhinho para os lados, a gente pegar nele e ele reagir. Depois que ele começou esse tratamento, ele vem reagindo bem”, relata a mãe.

Kárita explica que os médicos não podem dar um diágnostico para o menino pois ele ainda não acordou. O que se pode afirmar até o momento é que Arthur tem uma sequela neurológica grave e o tratamento são estímulos para o cérebro.

Arthur realizando uma das estimulações cerebrais (Foto: Arquivo Pessoal)

Família precisou entrar na Justiça duas vezes para conseguir assistência no tratamento

O avô de Arthur adicionou ele no plano de saúde do Ipasgo quando a criança tinha 1 anos de idade, mas a família não imaginava que teriam dificuldades para solicitar os atendimentos ao ponto de precisarem entrar na Justiça para conseguir assistência médica.

“Meu sogro colocou o Arthur no Ipasgo quando ele tinha 1 ano de idade, o plano dele é básico. A gente procurou saber e viu que o Ipasgo montava a UTI em casa e fomos atrás. Tivemos que entrar na justiça porque o Ipasgo não cobria cidades do interior, só cidade grande. Conseguimos, graças a Deus, de forma rápida. O Arthur corria o risco de pegar infecção no hospital e precisava ser rápido”, conta.

“O plano não tem ambulância e aqui, o transporte de ambulância é de R$400 a R$500, então a gente ficou pagando o transporte por um tempo. Tivemos que entrar na justiça de novo para conseguir o transporte da ambulância. Tudo para a gente é bem difícil. O médico pediu um novo tratamento e a gente deu entrada pelo PAS (Programa de Apoio Social do Ipasgo), mas o processo foi negado, eles alegam que o Arthur não se enquadra “, continua a mãe.

Tratamento de Arthur pode passar de R$50 mil

O médico estipulou que a criança realize 100 sessões de estimulação cerebral, o que custa R$50 mil. Após a conclusão dessas 100, novas sessões poderão ser solicitadas para dar continuidade ao tratamento.

“Graças às doações estamos conseguindo. Como não tem um diagnóstico, não sabemos como vai ser. Tudo depende de Deus e do Arthur. Vamos fazer rifas, mas as rifas são mais para custos de vida. Lá em Iporá é tudo mais em conta, aqui é tudo mais caro. O Arthur agora faz tratamento em casa, tem uma técnica de enfermagem que fica 24 horas por dia de segunda a sexta, a fonoaudiologia é três vezes na semana e o acompanhamento com o médico é uma vez na semana”, conta a mãe.

Uma vaquinha virtual foi aberta para arrecadar dinheiro para custear o tratamento de Arthur. As doações podem ser realizadas no site voaa.me/tratamento-arthur

A luta da família atualmente é para que o Ipasgo cubra o novo tratamento solicitado pelo médico. De acordo com a família, o processo está em análise há cerca de uma semana, mas o tratamento necessita de rapidez.

O Mais Goiás tentou contato com o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) para saber o andamento do pedido de cobertura do tratamento de Arthur, mas não teve sucesso. O espaço permanece aberto para manifestação.

Família realizou galinhada beneficente ajudar no tratamento de Arthur

Para ajudar no tratamento de Arthur, a família realizou uma galinhada beneficente no sábado (15), em dois municípios de Goiás. Em Iporá, foi arrecado R$3,5 mil e em Goiânia, R$550. A mãe, Kárita Rodrigues, conta que o valor ajudou bastante, mas não é suficiente para custear todo o tratamento, uma vez que a família ainda tem gastos com fraldas e medicamentos.

“Qualquer tipo de ajuda é muito bem-vinda. Não é só esse tratamento que estamos correndo atrás para o Arthurzinho, estamos sempre buscando e conversando com o neurologista que atende ele. Também tem os custos com fraldas, medicamentos. Queremos tentar, futuramente, as células tronco. Conseguimos um valor bom, mas aqui em Goiânia estamos sem emprego, meu marido ainda não conseguiu trabalho e estamos vivendo de doações. Enquanto o plano não cobre o tratamento, temos que arcar com tudo”, relata a mãe.

Arthur foi transferido para o Hugol onde ficou dois meses em coma e um mês na enfermaria (Foto: Arquivo pessoal)

Arthur se afogou na piscina do trabalho da mãe

Por não ter ninguém para ficar com a criança, no dia 2 de julho de 2021, a mãe levou Arthur para a casa onde trabalhava como diarista em Iporá, região oeste de Goiás. No local, os patrões haviam instalado uma piscina há poucas semanas, mas só a descobriam quando iam usar. A mãe conta que após o almoço, deixou a criança na sala da residência com o patrão para limpar a área, mas sempre olhava o menino.

“Antes da gente almoçar, meu patrão descobriu a piscina, ele ia usar a tarde. Fiz almoço, o Arthur almoçou e eu fui limpar a área da frente com aquelas maquininhas de alta pressão que faz barulho e ele ficou na sala brincando de carrinho com o meu patrão. Toda hora eu olhava ele, eu sou uma mãe daquelas protetoras mesmo. Devo ter demorado no máximo dez minutos”, relata a mãe.

Arthur era uma criança curiosa e muito carismática (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando Kárita voltou na sala, não entrou o filho e perguntou para o patrão se ele viu a criança. “Meu patrão falou que ele estava lá brincando com os cachorrinhos a poucos instantes. Olhei e os cachorrinhos estavam brincando sozinhos. Vi a porta da cozinha aberta e já corri, mas nunca imaginei ele na piscina. Cheguei lá e já vi o Arthurzinho boiando na piscina. Meu mundo acabou naquele momento”, conta.

Arthur foi levado para a UPA inconsciente

O patrão de Kárita foi quem socorreu o menino com massagens cardíacos e tentativas de reanimação. Enquanto isso, a mãe acionou o Corpo de Bombeiros. “Não saía nada, eu não estava conseguindo falar. Liguei e fiquei quieta. Com muita dificuldade consegui falar o endereço. Graças a Deus, os bombeiros eram quatro quadras de lá, eles chegaram muito rápido, coisa de 2 minutos”, relata.

Arthur foi levado inconsciente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Iporá onde voltou a apresentar sinais vitais, posteriormente, a criança foi transferida de helicóptero para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL), em Goiânia. No hospital, Arthur ficou dois meses em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e um mês na enfermaria.

 

Segundo a mãe, Kárita Rodrigues, Arthur sempre foi muito apegado a ela (Foto: Arquivo Pessoal)

Pai de Arthur busca por um emprego na capital

A família também precisa de ajuda para se manter na capital. O pai de Arthur, Rafael Miranda, busca por um emprego. O homem trabalhava na área de serviços gerais em uma loja de utilidades de Iporá, mas precisou sair do trabalho para cuidar do filho.

Resposta do Ipasgo

Em nota, o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) informou  que o pedido da família está em processo de análise.

” A cobertura do procedimento de Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMTr) para o usuário foi realizada na última terça-feira (11). O pedido está em fase final de análise na Diretoria de Assistência ao Servidor do Instituto (DAS), que emitirá reposta ao beneficiário até esta quarta-feira (19). O usuário encontra-se em serviço de internação domiciliar de alta complexidade, com a disponibilidade de serviço técnico de enfermagem 24 horas, de enfermagem e visitas médicas duas vezes por semana, sessões diárias de fonoaudiologia e fisioterapia, além de acompanhamento nutricional, mensal”.

*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Alexandre Bittencourt