Papa anuncia arcebispo de Uberaba como administrador da Diocese de Formosa
Dom Paulo Mendes Peixoto vai assumir a Diocese após o bispo anterior, dom José Ronaldo Ribeiro ter sido preso por desvio de dinheiro de fiéis
O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira (21), o arcebispo de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto, como novo nome a frente da Diocese de Formosa. O bispo que ocupava a função, dom José Ronaldo Ribeiro, foi preso com outras oito pessoas nesta segunda-feira (19), após uma operação conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MO-GO) denominada Caifás que apontou desvio de dízimos, doações, taxas de batismo, casamento e de arrecadações festivas por membros da Igreja.
A Nunciatura Apostólica no Brasil informou que dia 3 de março, o Papa determinou uma Visita Apostólica na Diocese de Formosa com o objetivo de avaliar o governo de dom José Ronaldo. Já no dia 10 do mesmo mês, dom Paulo Mendes Peixoto foi nomeado o responsável por essa visita.
Diante dos fatos envolvendo o Bispo José Ronaldo e, consequentemente, sua prisão, a nomeação de dom Paulo foi publicada no Bollettino, espécie de Diário Oficial do Vaticano. Por nota, a Nunciatura informou que o arcebispo de Uberada possui “todas as faculdades para governar a circunscrição eclesiástica e para realizar, contemporaneamente, a Visita Apostólica, precedentemente ordenada” na Diocese de Formosa.
Dom Paulo Mendes Peixoto é natural de Imbé de Minas, em Minas Gerais. Conforme informações cedidas pela Arquidiocese de Uberaba, em 2006, ele foi ordenado bispo para a Diocese de São José do Rio Preto. Já em 2012, dom Paulo foi nomeado pelo Papa Bento XVI arcebispo da unidade mineira.
Investigações
O MP iniciou nesta terça-feira (20) a coleta de depoimentos dos envolvidos na Operação Caifás. Na ação, além do Bispo dom José Ronaldo Ribeiro, foram presos temporariamente quatro padres, um monsenhor, um vigário-geral e dois funcionários ligados à administração da Cúria.
Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury explicou que dentre os crimes apurados pelo MP estão associação criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O Ministério informou que pretende oferecer a denúncia em relação aos crimes já apurados até o fim desta semana.
Segundo o MP, a investigação mostrou transferências de dinheiro da conta da Cúria para a conta pessoal do bispo. Ainda conforme o órgão, entre o material apreendido com os investigados estavam documentos, notas promissórias, computadores, joias, relógios, máquinas fotográficas e grande quantia em dinheiro.
O MP informou que na casa de um padre, em Planaltina, foram recolhidos cerca de R$ 70 mil que estavam no fundo falso de um armário. A investigação apontou que, entre os bens adquiridos com o dinheiro dos fiéis, estão fazenda, carros, relógios e uma casa lotérica. O órgão estima que até agora o desvio dos recursos supere R$ 1 milhão. O total, contudo, pode ser ainda maior.