Para especialista, combustível caro pode atrair usuários para transporte coletivo em Goiânia
A alta histórica no preço dos combustíveis e oferta decrescente dos serviços oferecidos por motoristas…
A alta histórica no preço dos combustíveis e oferta decrescente dos serviços oferecidos por motoristas de aplicativo pode ser a oportunidade que o transporte coletivo de Goiânia precisava para atrair mais usuários. Esta é a opinião da professora e especialista em mobilidade Érika Kneib, que nesta quarta-feira (20) participou do lançamento de um fórum de mobilidade chamado “Mova-se“. Kneib afirma que o transporte público da região metropolitana da Capital está “com a faca e o queijo na mão”.
“Nós estamos diante de momento ímpar, uma grande oportunidade de rever o transporte público. Todo momento de crise pode ser um momento de oportunidade”, avalia Érika. Ela provoca que, nesta circunstância, é interessante pensar qual sistema atrairá tanto os passageiros quanto os condutores de automóveis, uma vez que os transportes por aplicativo reduziram os motoristas. “O transporte coletivo está com a faca e o queijo na mão para atrair o usuário.”
Kneib lembra que Goiânia vai inaugurar em breve o BRT Norte-Sul, que pode melhorar a oferta de serviço ao usuário. A previsão, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura, é de inaugurar todo o Trecho II (do Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Isidoria) no final do ano, até dezembro. Em relação à operação, cabe a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) definir. Já Tarcísio Abreu, presidente da CMTC, disse que operação do BRT segue sem previsão. “Só vai acontecer quando o BRT estiver preparado para prestar o serviço à população. Estamos seguindo a determinação do prefeito.”
Questionada sobre o volume de ônibus e atrasos, a professora Érika também citou que os motivos podem ser diversos. Além da falta de corredores exclusivos, é preciso lembrar, segundo ela, que o trânsito também impacta, além do crescimento urbano para áreas periféricas.
O professor Adriano Paranaíba – economista e doutor em Transportes – diz que não adianta aumentar a frota se os ônibus ficarão presos no trânsito. O intuito é levar esse debate qualificado ao poder público, imprensa e sociedade para, então, surgirem soluções.
Mova-se Fórum de Mobilidade
Além de Érika e Adriano, também fazem parte do fórum: Miguel Angelo (geógrafo e mestre em Transportes); Desirée Peñalba (advogada e mestre em Economia); Poliana Leite (arquiteta e doutoranda em Urbanismo); e Willy Gonzales Taco (engenheiro civil).
Coordenador do grupo, Miguel Angelo afirma que a ideia do recém-criado fórum é realizar uma discussão qualificada sobre as questões de mobilidade. “As pessoas já voltam a se deslocar pela cidade e Goiânia encontra desafios. Deve-se repensar o ordenamento urbano e discutir a cidade para promover qualidade de vida,” pontua.
“Queremos que as pessoas entendam o quanto a mobilidade impacta a vida delas e o quanto essa questão tem que ser debatida. Um minuto no trânsito poderia ser utilizado em qualquer outra atividade”, completa.
Mais Goiás.doc: alta do combustível e impactos entre os motoristas de aplicativo
Em agosto, após o nono reajuste dos preços de combustíveis, Goiânia ocupou o posto de cidade com o litro de gasolina mais caro entre as capitais brasileiras. Essa nova realidade dificultou a situação dos motoristas de apps na capital, que apontam o aumento como um dos maiores problemas na profissão. O problema também está chegando nos usuários dos aplicativos, que reclamam do preço e da demora para conseguir uma viagem.
Confira a reportagem especial do Mais Goiás.doc sobre o tema: