Para policial militar, colégios da PM tem “papel fundamental” no combate ao crime
Nesta quinta-feira (04), mais duas unidades serão inauguradas em Uruaçu E Guapó. Levantamento aponta que, no Brasil, entre 2013 e 2018, modelo cresceu 212%; tenente coronel reforça que escolas afastam alunos da criminalidade
Cerca de 60 mil estudantes frequentam os 55 colégios da Polícia Militar (PM) existentes em Goiás. Conhecidos por aplicar uma rotina rígida no contexto educacional, essas escolas têm registrado uma grande demanda reprimida, de modo que, há, atualmente, cinco projetos de lei na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e outros 35 dispositivos já aprovados, para construção de iguais números de novas unidades. Para quem participa de suas gestões, essas escolas possuem um propósito que vai além do contexto educacional: fomentar a busca da sociedade por ordem e manutenção de valores.
A procura é justificada, por defensores do modelo, pelo apelo da estrutura militar à disciplina e hierarquia, conceitos os quais, segundo o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e do Bombeiro Militar (Assof), tenente-coronel da PM Alessandri da Rocha Almeida, propiciam relações de respeito e cidadania capazes de reforçar políticas de Segurança Pública, como o combate à criminalidade.
De acordo com ele, que também já foi assessor parlamentar da PM no Congresso Nacional, a ampliação do modelo é um objetivo da corporação. “Acreditamos que colégios militares tem potencial para reduzir, na origem, a criminalidade. Além de educação reconhecidamente de qualidade, pais nunca verão traficantes aliciando seus filhos nesses ambientes”.
Isso ocorre, para ele, por dois motivos: proximidade dos estudantes da Polícia e pela formação oferecida. “Tem disciplina rígida e hierarquia, isso faz com que as coisas fluam e haja respeito entre professor e aluno. Com certeza esses colégios exercem uma influência positiva sobre crianças que vivem em uma condição de vulnerabilidade social. Para muitos, o traficante é um ídolo, porque ostenta bens e tem poder. O objetivo é, por meio da educação, reformular isso e dar um rumo positivo na vida do estudante”.
O discurso é corroborado pelo subcomandante de ensino da PM, o tenente-coronel Sérgio Marques Duarte. Segundo ele, isso ocorre por um clamor da sociedade, dentre outras variantes. “Pessoas estão buscando retomar alguns valores, buscando identidade enquanto família entre outaras questões. Projetos que atendem essas características acabam tendo sucesso. Nosso objetivo não é militarizar todos os colégios, mas ser mais uma opção. Onde nosso projeto foi instalado, mesmo sem condições ideais, mudou a realidade local para melhor. Assumimos o crescimento com alegria, mas isso gera uma preocupação para manter a qualidade em cada unidade”.
Segurança Pública
Levantamento da Revista Época deste ano, revela um aumento de 212% no número desses colégios entre 2013 e 2018, em 14 estados da Federação. Alessandri reforça que o crescimento é um reflexo da qualidade do modelo. “É um projeto que deu certo. Essas escolas causam um impacto positivo muito grande, com potencial de propiciar mudanças de realidade, com afastamento de jovens da criminalidade pela proximidade de alunos e suas famílias com a figura militar. Acredito que essa também seja uma forma de combater a criminalidade”.
Essa política, no entanto, é só a ponta do iceberg, segundo o policial. Para completar o serviço, segundo ele, Goiás precisa de policias de ciclo completo, ou seja, que começam e concluem a mesma ocorrência. “No Chile é assim e aquele é uma das melhores polícias da América Latina porque não fica em um jogo de empurra-empurra para saber de quem é a competência de quem para fazer as coisas. A sociedade demanda uma resposta rápida, não quer saber quem está investigando, quer a solução do problema”.
Para ele, que tenta se eleger pela primeira vez, disputando um cargo de deputado federal pelo PSDB, essa mudança “acabaria com a enrolação”. “Quando alguém rouba um carro, a pessoa tem que ligar no 190 e depois ainda se deslocar, sem veículo, até uma delegacia para registrar a ocorrência. Se isso não ocorre, ninguém procura o carro. Esse é um modelo ultrapassado, a força acionada tem que procurar, investigar, fazer tudo”.
Outro problema a ser combatido é a impraticabilidade da integração entre PM e Polícia Civil. Segundo ele, “no papel”, tudo já foi resolvido, mas, na realidade, não funciona. “Precisamos fazer um sistema de segurança pública compartilhado para que a luta contra a criminalidade seja mais eficiente. Atualmente há uma falsa integração. Não adianta falar em integração só no papel”.