Parque mais antigo de Goiânia, Bosque dos Buritis reserva natureza e tranquilidade no centro da cidade
Para celebrar o aniversário de Goiânia, o Mais Goiás preparou matérias especiais sobre os principais parques da capital. O primeiro deles é um refúgio que combina cultura, história e meio ambiente, mas que necessita de revitalização e segurança
Completando 85 anos nesta quarta-feira (24), Goiânia é conhecida por suas áreas verdes e principalmente, por seus parques urbanos. Para celebrar a data, o Mais Goiás preparou uma série de matérias especiais sobre os principais parques da capital: Bosque dos Buritis, Areião, Parque Flamboyant, Lago das Rosas, Vaca Brava e Jardim Botânico. Cada um com suas belezas, questões ambientais e de preservação, mas todos compartilham de uma mesma realidade: a necessidade de revitalização.
O primeiro da série é o mais antigo patrimônio paisagístico de Goiânia: o Bosque dos Buritis. Proposto no Plano Original da cidade em 1933, com uma área de 40 hectares, hoje o espaço tem uma área aproximada de 141.500 m², que inclui a Assembleia Legislativa, o Museu de Arte de Goiânia e o Centro Livre de Artes da Prefeitura.
De acordo com a pesquisa realizada durante a elaboração do Plano de Manejo do Bosque dos Buritis em 2005 pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), dados históricos registram que o urbanista Attílio Corrêa Lima citou na descrição do projeto: ¨O Buritizal, localizado na extremidade da Rua 26, será transformado em pequeno Parque. Para isso será necessário drená-lo convenientemente, conduzindo as águas para o talvegue, em canal descoberto tirando partido deste para os efeitos de pequenos lagos decorativos. Este Parque que denominado dos Buritis se estenderá por faixas ao longo do talvegue e medirá 50 metros para cada lado deste, no mínimo, formando o que os americanos denominam ¨Park-Way¨”.
Ainda de acordo com o plano de manejo do Parque, a descaracterização da área iniciou-se desde a ocupação da cidade, no final da década de 30 intensificando na década de 40, quando ocorreram os primeiros cortes com a doação de suas extremidades, feita pelo Governo do Estado aos colégios Atheneu Dom Bosco e Externato São José. Posteriormente, também foram doadas áreas para habitação e comércio e, por fim, para a construção da Assembleia Legislativa.
Natureza ao Centro
Localizado na região central de Goiânia, mais precisamente no Setor Oeste, o parque possui pista de caminhada, trilhas internas, lanchonetes, quiosques, parquinho e equipamentos de ginástica. As lagoas e as várias cascatas artificiais do bosque são abastecidas pelo córrego Buriti e por canais subterrâneos.
Contudo, um dos parques mais acessíveis da capital sofre com o vandalismo, e principalmente com a falta de segurança. Seus visitantes pedem uma revitalização geral e denunciam o abandono do poder público em um dos locais que já foi o cartão postal da capital e deveria ser um dos pontos de maior visitação do goianiense. A fonte localizada em uma das lagoas atinge, quando está funcionando, cinquenta metros de altura.
Cultura e verde
Pessoas que trabalham na região usam o parque como refúgio no horário do almoço ou para dar uma pausa na correria do dia-a-dia. Além disso, ele serve como ponto de lazer para famílias ou para quem apenas quer dar uma volta com seu pet. No parque existem diversos tipos de plantas e árvores, como o Bambu, Bacuri, Flamboyant, Buriti, Ipê, Jambo entre outras.
Instalados dentro do bosque, há o Museu de Arte de Goiânia, que abriga vários tipos de exposições temporárias e é aberto à visitação pública gratuitamente; o Centro Livre de Artes (CLA), uma escola da Prefeitura Municipal que oferece aulas de artes, música e dança; além de um orquidário mantido pela Associação Goiana de Orquidófilos (AGO).
O Monumento à Paz Mundial, obra de um dos grandes nomes das artes plásticas de Goiás, Siron Franco, foi inaugurado no primeiro ano do aniversário do acidente radiológico com o Césio-137. Em formato de uma ampulheta, a obra possui compartimentos contendo amostras de terra dos cinco continentes do mundo e traz a citação “A Terra é um só país, e os seres humanos seus cidadãos”.
Segurança
O estudante de jornalismo Guilherme Mendanha, 22 anos, apesar de caminhar constantemente no parque, relata que já foi assaltado. “A insegurança é total. Estava com amigos por volta do horário de almoço e um homem armado com faca nos ameaçou, tivemos que entregar os celulares”. Guilherme conta que ao procurar ajuda, os policiais não agiram com rapidez e falaram que “casos desse tipo são comuns no lugar”.
Hamilcar Vieira, Coordenador da Guarda Ambiental de Goiânia, garante que as ocorrências nos parques, inclusive no Bosque dos Buritis, vem diminuindo. “Com o serviço prestado e principalmente, com o apoio da população, a segurança está mais presente no bosque”.
Equipes da Polícia Militar fazem rondas no local constantemente e Hamilcar reforça a presença da comunidade para que seja contínua a segurança no local. “Em caso de alguma movimentação fora da rotina, devem chamar nossa central gratuitamente, no número 153”, conclui.
Revitalização
De acordo com Antônio Pasqualetto, engenheiro agrônomo e professor na PUC Goiás, a redução constante do nível das águas é um dos principais problemas encontrados no bosque. “A contaminação das águas por carregamento de partículas poluentes e a eutrofização (crescimento excessivo de plantas aquáticas) são outras questões a serem
resolvidas”.
Ormando Pires, Diretor de Áreas Verdes da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), informa que a revitalização do bosque está em andamento. “O parquinho e outros locais infantis, foram reformados através de projeto independente. A melhora na iluminação, banheiros, placas de identificação e a bomba do chafariz estão contempladas no projeto de revitalização geral”.
De acordo com Ormando, a diminuição no nível das águas se deve estritamente a “determinados períodos do ano, onde ocorre uma diminuição no volume”.
*Fabrício Moretti é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo