Pastor evangélico é suspeito de assediar adolescente, em Goiânia
Joaquim Gonçalves Silva, da Igreja Tabernáculo da Fé, teria abusado da jovem quando ela procurou aconselhamento. Outras três mulheres também fizeram denúncias
Quatro mulheres denunciaram o pastor Joaquim Gonçalves Silva, da Igreja Tabernáculo da Fé, por abuso e importunação sexual em Goiânia. De acordo com as vítimas, o religioso de 85 anos, os abusos aconteciam no momento em que elas estavam fragilizadas e buscavam aconselhamento espiritual.
O caso mais recente teria acontecido em janeiro deste ano, quando uma adolescente de 17 anos foi procurar ajuda sobre casamento dela. Ao portal G1, ela contou que o pastor chegou a beijá-la e a passar a mão pelo corpo dela.
“Fui pedir conselhos depois de ter problemas no meu relacionamento. Foi quando ele colocou a mão no meu corpo e me deu um beijo. Passou a mão pelos meus seios e desceu até embaixo, quando eu o interrompi. Eu fiquei em choque, nunca na vida eu esperei isso dele”, contou.
A vítima, que não quis se identificar, disse que só teve coragem de denunciar a situação à polícia três meses depois do ocorrido, por medo de represálias e julgamentos dentro da igreja. “[…] é horrível você considerar a pessoa como um pai, que era como eu o considerava, e a pessoa aproveitar de você em um momento de fragilidade para fazer uma coisa dessa”, disse.
O caso foi registrado e é investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) da Polícia Civil (PC) no final de março. Por meio de nota, a corporação informou que as testemunhas já estão sendo ouvidas e que não passará mais detalhes por se tratar de uma menor de idade. O Ministério Público de Goiás também acompanha o caso.
Outros casos
Além da adolescente, outros três casos foram registrados entre os meses de janeiro e abril deste ano na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). As vítimas teriam sido abusadas pelo pastor nos anos de 2002, 2015 e 2018.
O caso mais antigo foi registrado por uma mulher de 46 anos. Ela contou aos policiais que foi assediada e abusada pelo pastor por quatro anos, mas que teve medo de denunciar por que tinha medo de que ela ou a família fossem prejudicadas.
“No começo, ele dizia que, se eu contasse para alguém, iria me tirar da igreja, do trabalho. Depois, quando contei para minha família, ele mandou um aviso, pelo meu irmão, que alguém iria machucar eu, meu marido e meu filho, caso eu o denunciasse”, disse.
Outra vítima tem 37 anos e disse que foi pedir ajuda a Joaquim em 2015 porque passava por problemas no relacionamento e porque o irmão dela havia morrido. “Fui no escritório dele, estávamos só nós dois e, depois da conversa, ele me deu um abraço, me apertou muito, começou a beijar meu rosto e veio para beijar minha boca, quando eu virei”, contou.
Sobre esses casos, a PC comunicou que não foi possível seguir com os casos porque eles prescreveram.
Resposta
A defesa do pastor Joaquim publicou nota à imprensa afirmando que “manifesta respeito a todas as mulheres que foram ou que estão sendo verdadeiramente assediadas”. Entretanto, ressalta que as acusações são falsas e mentirosas.
De acordo com o texto, há uma “campanha injuriosa, difamatória e caluniosa”, feita por um pequeno grupo que deseja tomar a liderança da Igreja Tabernáculo da Fé. A nota diz ainda que a igreja foi fundada por ele “sempre na retidão, com conduta moral reconhecidamente ilibada, pública e notória”.
A defesa ressaltou ainda que ele responderá às imputações de assédio para as autoridades competentes e tomará as “providências cabíveis perante a justiça contra este reduzido grupo, formado de homens e mulheres, momento em que serão identificados”.
Com informações de G1