Pastor Osório Júnior, líder de grupo suspeito de usar a fé em golpes no DF, Goiás e outros Estados, segue foragido
Religiosos podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu dois mandados de prisão no DF e 16 de busca e apreensão na região, mas também em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, nesta quarta-feira (20). O alvo foi um grupo, também composto por pastores, suspeito de usar a fé das pessoas para cometer estelionato. O líder seria o pastor Osório José Lopes Júnior, que segue foragido.
Osório já era réu por estelionato em Goiás e investigado pela Polícia Civil por aplicar golpes milionários, tendo sido denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pelo mesmo crime, no ano passado. O homem – que diz ser religioso, mas não é ligado a nenhuma igreja – ostentava uma vida de luxo com o dinheiro dos golpes e chegou a prometer, por meio de documento em nome dele, retorno financeiro de R$ 2 quatrilhões para as vítimas.
Essa quantia é maior do que a fortuna das dez pessoas mais ricas do mundo (Forbes). Segundo a Polícia Civil, ele cobrava um valor das vítimas e prometia retornos bilionários. As informações são de reportagem do Fantástico, no primeiro semestre de 2022. Em março do ano passado, a Justiça de Goiás negou pedido de prisão preventiva do pastor Osório Júnior.
Denúncia
Como mencionado, Osório já é réu em Goiás por estelionato e chegou a ficar 30 dias na cadeia, em 2018. Ele foi preso com outro pastor pela suspeita de obter R$ 15 milhões aplicando golpes em fiéis de Goianésia – eles diziam terem recebido um título de R$ 1 bi, mas precisavam de fundos para recebe-lo. Naquele mesmo ano se tornou réu, mas responde em liberdade.
Com isso, segundo a Polícia Civil, aproveitou para continuar o esquema e fez vítimas em outros estados, sendo denunciado pelo Ministério Público de São Paulo no ano passado pelo mesmo crime. Ainda de acordo com a corporação, em Goiás ele deu prejuízo de, pelo menos, R$ 15 milhões.
Ele atraía as vítimas por vídeos nas redes sociais e dizia ter dinheiro no Tesouro Mundial para repartir. Contudo, pedia ajuda financeira dos fiéis. Em 2014, um eletricista chegou a entrar a única casa que possuía, de R$ 250 mil, por um cheque de R$ 2,5 milhões que nunca conseguiu descontar. Em 2021 ele conseguiu reaver a casa.
Operação
Em relação a Operação, ela ocorreu nesta quarta e a corporação acredita que os religiosos do DF podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil. Segundo a polícia, cerca de 200 pessoas fazem parte do grupo, entre elas dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Os investigados, conforme as autoridades, induziam as vítimas (fiéis que frequentavam a igreja deles, em sua maioria) a acreditarem que receberiam quantias surreais por meio de “bênção”. Para isso, eles investiam dinheiro com a promessa de recebimentos futuros.
A Operação Falso Profeta começou há aproximadamente um ano. Esta aponta, ainda, que a existiria uma rede criminosa estruturada e hierarquizada com divisão de tarefas, liderada pelo pastor Osório Júnior. Entre os crimes citados, estão falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). As vítimas estariam em quase todas as unidades da federação, sendo um dos maiores golpes já investigados no País, de acordo com a PCDF.
Cerca de 100 policiais civis participaram dessa etapa da investigação. Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, houve bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e determinação da Justiça pela proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor) teve o apoio do Departamento de Polícia Especializada e das Polícias Civis dos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Mais sobre o golpe
Os supostos golpistas, explica a PCDF, enganavam os fiéis pelas redes sociais, abusando da crença deles. Para convencer as vítimas, a maioria evangélica, a investir as economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos sociais, os investigados prometiam retorno imediato de grandes valores.
Entre os casos, a Polícia Civil divulgou a promessa de investimento de R$ 2 mil para receber 350 bilhões de centilhões de euros – sim, este valor absurdo e completamente irreal. Os suspeitos utilizavam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando serem instituições financeiras digitais (bancos falsos). Eles ainda faziam contratos com as vítimas para dar mais veracidade ao golpe, que prometia quantias inimagináveis por meio de títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Conforme apurado pelas autoridades, foram identificadas aproximadamente 40 empresas fantasmas e de fachada, mais de 800 contas bancárias suspeitas e movimentação acima de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Um suspeito de envolvimento no grupo foi preso em dezembro passado, quando utilizou um documento falso em um banco na Asa Sul, mas o grupo continuou os golpes, mesmo ele sendo o principal digital influencer da organização.
O organização criminosa, como mencionado, seria liderada pelo pastor Osório José Lopes Júnior, considerado foragido. Saiba mais AQUI.