Integrantes da Comissão Pastoral da Terra se manifestaram na manhã desta sexta-feira (18) no Centro de Goiânia. Cerca de 100 integrantes do movimento se mobilizaram na Praça Universitária e caminharam até a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), onde foram entregar uma pauta de reivindicações a parlamentares.
A manifestação é parte do 1º Encontro da Tenda dos Povos do Cerrado, evento que teve início na quarta-feira (16), composto por audiência pública, debates, feira e oficinas. “O movimento aconteceu de quarta até hoje. Agora, na Assembleia, vamos entregar um documento com reivindicações para alguns parlamentares, tanto estaduais como federais”, diz o assessor de imprensa da CPT, Elvis Marques.
Fábio Silva, um dos organizadores da mobilização, afirma que o evento que se encerra hoje discutiu as causas e consequências do modelo atual de exploração da água, da terra e dos recursos minerais. “Nós assumimos compromissos que tratam da contribuição individual e coletiva da preservação do Cerrado e na natureza como um todo, mas entendemos que o Estado tem uma responsabilidade muito grande nesse sentido”, afirma.
Entre os assuntos tratados na pauta de reivindicações estão o combate à degradação do meio ambiente, a demarcação e regularização do Parque Estadual da Serra Dourada, o cumprimento da Lei do Agrotóxico (que trata do armazenamento, comércio, transporte, utilização e destinação final desse tipo de produto e suas embalagens), e a regulamentação da Lei Estadual de Educação do Campo. “Trata-se de uma lei aprovada há quase três anos e que ainda não foi regulamentada”, diz Fábio.
Encontro dos Povos do Cerrado
No primeiro dia do 1o Encontro da Tenda dos Povos do Cerrado, na quarta-feira (16), indígenas Tapirapé, Karajá, quilombolas, pequenos agricultores, e acampados se reuniram na Praça Universitária para discutir, em audiência pública, problemáticas em relação à água. Os relatos dos representantes desses grupos foram ouvidos por integrantes de órgão públicos do estado e de meio ambiente, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Secretaria de Meio Ambiente, Saneago, e outros. A audiência foi mediada pela deputada estadual Adriana Accorsi (PT).
Nos meses de setembro e outubro, antes do evento chegar à capital do Estado, foram realizados seminários nas cidades de Orizona, Cidade de Goiás, Iporá, Terezinha de Goiás, Formosa, Alvorada do Norte, Catalão, Ipameri, Uruaçu, Formoso, Rio Verde, Jataí, e Região Metropolitana de Goiânia. “A importância desse evento é exatamente trazer os povos do Cerrado – do campo e das cidades – para discutirem esse bioma e a questão da água, pois o Cerrado, onde nasce a maioria dos rios brasileiros, está passando por um grave momento”, destaca Romerson Alves, coordenador da CPT Goiás.
O evento contou com parceria da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Cajueiro, Gwatá – Núcleo de Agroecologia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Rede Grita Cerrado, Central Única dos Trabalhadores (CUT-GO), Sindsaúde, Pastoral da Juventude Rural (PJR-GO), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-GO), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-GO), Centro de Estudos Bíblicos (Cebi-GO), Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB-GO), e Comunidades Eclesiais de Base (Cebs).