PC apura propina no Detran para liberação de veículos irregulares em Planaltina
Polícia afirma somente uma das envolvidas lucrou cerca de R$ 30 mil com o crime em Planaltina de Goiás
Dois despachantes credenciados do Detran de Planaltina de Goiás são suspeitos de pagarem propina à um vistoriador e a uma servidora da empresa. O objetivo era que veículos irregulares fossem liberados sem que cumprissem os requisitos legais. De acordo com a Polícia Civil, os valores recebidos eram convertidos em criptomoedas, a fim de dificultar o rastreamento e recuperação. Por isso, é difícil estimar o quanto o grupo já havia lucrado com os crimes. No entanto, a polícia afirma somente uma das envolvidas somou cerca de R$ 30 mil.
Segundo a polícia, o crime foi descoberto depois que uma das despachantes foi chamada para prestar esclarecimentos sobre outros crimes. A mulher já havia sido presa e investigada, inclusive pela Polícia Federal, por uma série de crimes no passado envolvendo falsificação de documentos. Nesta ocasião, ela permitiu que os agentes analisassem as conversas que ela trocava por um aplicativo de mensagens pelo celular. Razão que culminou na descoberta destes crimes.
Os investigadores acreditam que o pagamento das propinas em Planaltina acontecia desde dezembro do ano passado. Durante a manhã desta quarta-feira (21), agentes civis realizaram buscas e fizeram apreensões contra os investigados. Três dos suspeitos, entre eles a funcionária do Detran, foram afastados dos cargos, por acusação de organização criminosa, lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Como agiam?
Ao Mais Goiás, o delegado Thiago César de Oliveira Silva, responsável pela força-tarefa, detalhou que as despachantes queriam aprovar veículos reprovados em medidas de segurança ou que tivessem alguma documentação atrasada. Para isso, pagavam um valor ao vistoriador, que aprovava os automóveis, mesmo eles não estando aprovados pelos requisitos.
“Com relação ao Detran, as vezes faltava algum documento para fazer a transferência, para fazer algum procedimento e aí eles também pagavam para uma servidora em específico para que ela liberasse essa falta da documentação, aprovando assim veículos que tinham uma série de problemas”, detalhou.
Investigação
Um dos suspeitos convertia o dinheiro que conseguia com as proprinas em criptomoedas, dificultando o rastreamento dos valores. Já outra envolvida, ostentava o dinheiro com compras. Segundo o delegado, estima-se que somente uma das suspeitas já havia lucrado R$ 30 mil.
“A gente descobriu que uma das despachantes ofereceu uma propina de R$ 5 mil por mês. Para cada carro o valor da propina variava, dependendo da gravidade das irregularidades. As vezes R$ 100, as vezes R$ 200. Mas, como eram muitos veículos, ela garantia muito dinheiro. A gente não tem ideia de quantos veículos foram liberados”, disse o delegado.
Durante depoimento, Thiago afirma que três dos quatro investigados confessaram os crimes. “Uma delas confirmou que repassava os valores e ainda disse que isso era algo costumeiro em Goiás. Eles acham que é normal!”, informou o delegado.
Em nota, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) informou que está colaborando com a investigação e que em razão da gravidade do ocorrido, a servidora municipal foi imediatamente desligada e retornará ao seu órgão de origem, que é a Prefeitura de Planaltina.