PC encontra divergências em reconstituição de suposto confronto entre irmãos e PM em Trindade

Divergências entre os depoimentos já colhidos junto a policiais, socorristas e testemunhas, segundo o delegado regional de Trindade, André Fernandes, foram encontradas durante uma reconstituição realizada na manhã desta quarta-feira (29), na casa onde dois irmãos foram mortos na manhã de seis de janeiro, em um suposto confronto com militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Trindade. Os quatro policiais que participaram da abordagem estiveram no local, mas não quiseram participar da reconstituição.

A Polícia Civil (PC)  solicitou a reconstituição, segundo André Fernandes, para sanar algumas dúvidas com a cronologia dos eventos e o que teria acontecido durante e após os disparos que foram ouvidos por vizinhos da casa onde estavam os irmãos. “Mesmo sem a participação dos policiais que estavam aqui no dia da ocorrência os peritos têm condições de descobrir, através de medições, do depoimento dos socorristas, da análise das disposições da casa e de como estavam os irmãos quando foram socorridos, o que de fato aconteceu. E nós já percebemos aqui hoje algumas contradições entre o que realmente teria ocorrido e o depoimento das várias pessoas que já foram ouvidas”, relatou.

O delegado disse ainda que só poderá revelar quais teriam sido as divergências depois que receber o laudo conclusivo da reconstituição, que deve ficar pronto em, no máximo, 10 dias. Realizada por peritos da Superintendência de Polícia Técnico Científica, a reconstituição na casa onde moravam Kaleb de Paula Araújo, de 18 anos, e Victor de Paula Araújo, de 21 anos, no Setor Maysa II, em Trindade, durou pouco mais de duas horas e contou com a participação dos socorristas dos Bombeiros e do Samu que resgataram os irmãos ainda com vida.

De acordo com a ocorrência registrada pela PM, os irmãos, que seriam traficantes de drogas, teriam reagido quando foram abordados por uma equipe do Bope, ocasião em que, segundo a PM, acabaram feridos no revide e morreram no hospital. Já os familiares de Kaleb e Victor afirmam que apenas o mais velho possuía antecedentes criminais e acusam os militares de execução. No dia da ocorrência, os PMs do Bope apresentaram, logo após o suposto confronto, três armas de fogo, uma réplica de pistola e porções de maconha que teriam sido apreendidas na casa onde estavam Kaleb e Victor.