PC quer arquivar investigação sobre supostos grampos e desvios de Rodney Miranda
Inquérito não apontou atos ilícitos de secretário, que retorna ao cargo. Ele foi acusado primo do governador de plantar escutas ilegais e desviar R$ 1 mi
A Polícia Civil quer arquivar a investigação conduzida contra o titular da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP) Rodney Miranda. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25), no Palácio das Esmeraldas. Inocentado, Miranda – que pediu férias para ceder espaço às apurações – retomará o comando da pasta. Em áudio, ele foi acusado por Jorge Caiado, primo do governador, de aplicar escutas ilegais em seu telefone, bem como de desviar R$ 1 milhão de verba do Corpo de Bombeiros. A apuração, entretanto, não encontrou ilegalidades na conduta do secretário.
O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, Odair José, explicou que três delegados conduziram o inquérito. A mensagem de áudio passou por perícia e comandantes atuais e anteriores do Corpo de Bombeiros foram ouvidos. Depoimentos de servidores públicos, do próprio Rodney e de Jorge Caiado foram colhidos. A conclusão foi de que Jorge Caiado não “trouxe elementos robustos sobre os crimes citados”.
De acordo com Odair, o primo do governador fez denúncia sem provas sobre possíveis recebimentos de valores e que baseou sua iniciativa contra Miranda em comentários. Por isso, a sugestão da PC é de que o inquérito seja arquivado.
“Tranquilo”
O secretário afirmou que ficou incomodado, mas estava tranquilo quanto à apuração. Ele relatou que sempre esteve confiante. Na época dos vazamentos, Miranda se pronunciou sobre as acusações: é tudo mentira. “Eu digo que fiquei incomodado com essas informações inverídicas, mas tranquilo quanto ao procedimento em todo o estado e nos meus quase 40 anos de serviço público. Nunca fui acusado de desvio, ato de corrupção, ou qualquer ato do gênero. Permaneci confiante na Polícia Civil”.
O secretário destacou que Ronaldo Caiado nunca questionou a conduta dele e que preferiu se afastar para contribuir com a lisura das investigações. “O governador nunca questionou a minha conduta. Achamos por bem me afastar, fiquei 15 dias de férias, me apresentei no primeiro dia, minha oitiva foi acompanhada por promotor de Justiça. Nunca me senti suspeito ou acusado. Quem sofreu foi minha família e meus amigos. Estou feliz com o encerramento dessa etapa triste e vou continuar essa marcha no combate ao crime”, relatou.
Saia justa
Segundo o delegado-geral, Jorge Caiado estava desconfiado que seu telefone estava sendo grampeado, em razão de ecos e ruídos.Porém, para que uma interceptação telefônica seja aplicada, explica Odair, um delegado realiza uma representação, que depois é analisada pelo Ministério Público, que então a envia ao Judiciário. Caso aprovada, a ordem de serviço é enviada à operadora, que envia o áudio solicitado.
“Todas elas [empresas] negaram atos de ilicitude. [As acusações] se mostram completamente frágeis e inconsistentes”, disse Odair José.
Aliado de Jorge na Câmara Municipal, o vereador Paulo Daher gravou um vídeo para rasgar título de cidadão goianiense conferido à Rodney pela casa legislativa. Ao Mais Goiás, entretanto, admitiu que não sabia o que tinha acontecido de fato, mas decidiu por rasgar o diploma após ouvir o áudio do primo do governador. “Eu me solidarizei com ele, não sei de fato o que aconteceu”.
Retorno ao serviço
O governador Ronaldo Caiado disse que Rodney Miranda volta a função de Secretário de Segurança Pública, com todas as “credenciais”. “Vossa excelência volta com as credenciais, sua história, tudo o que disse, com todas as condições de cada vez mais exigir que haja um cumprimento da lei e o combate sem trégua a corrupção e ao crime organizado”, declarou o chefe do Executivo estadual.
Quanto ao primo, Ronaldo Caiado declarou que Jorge é uma pessoa querida e que foi tomada emocionalmente, mas que tem uma grande paixão pela história da família. Ele reconhece que houve excesso, mas sem intenção de prejudicar.
“É uma pessoa muito querida, as vezes tomado por uma emoção enorme, tem uma paixão pela história da família. Entendemos que os excesso cometidos não tivessem o intuito de prejudicar, foram baseados em informações que teriam sido levadas até ele naquele momento. É um assunto encerrado, com transparência dos fatos, uma matéria vencida”, declarou o governador.