VERSÃO

“Pensei que o pior iria acontecer”, narra advogado que teria sido agredido na CPP

"Continuou a me ameaçar, encostando a arma de fogo na minha cara, falando que eu merecia morrer…"

"Pensei que o pior iria acontecer", narra advogado que teria sido agredido na CPP (Foto: Reprodução)

Gabriel Castro, advogado que teria sido agredido na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia por um policial penal explicou o caso em um vídeo, na noite de quarta-feira (24), nas redes sociais. Segundo ele, o agente o colocou de joelhos, algemado e apontou uma arma para o rosto dele. “Foi um momento que vi minha vida acabar. Pensei que o pior iria acontecer.”

De acordo com o jurista, ao dizer ao agente que não leva nada nos bolsos e pedir que o mesmo verificasse o “body scan”, o mesmo entendeu resposta como “afronta a autoridade”. “Então ele se levantou, sacou uma arma de fogo para mim. Colocou no meu rosto… Começou a fala ‘quem que eu pensou que eu sou’, me jogou na parede, me deu uma coronhada aqui, na nuca…”

E continuou: “Como se não bastasse só isso, me deixou ajoelhado, algemado na frente do colegas. Continuou a me ameaçar, encostando a arma de fogo na minha cara, falando que eu merecia morrer… Então, assim, foi um momento que vi minha vida acabar. Pensei que o pior iria acontecer.” Segundo ele, os policiais penais deveria, mas não deram voz de prisão ao colega. “Por abuso de autoridade, lesão corporal, ameaça. Tudo isso registrado pelas câmeras do complexo prisional.”

Caso

Sobre o caso, a suposta agressão ocorreu na quarta, quando o advogado esteve na CPP para atender um cliente. Ao passar pelo body scan [escaneamento], um policial penal disse que o profissional tinha algo no bolso. “Em seguida, colocou a pistola na cabeça dele, mandou ajoelhar, agrediu e ameaçou de morte”, narrou a secretária-geral executiva da Comissão de Direito e Prerrogativas da OAB-GO, Gislaine Batista de Carvalho, que acompanha o caso.

O advogado passou pelo Instituto Médico Legal (IML) e, por pedido de médico legista, foi fazer exames, pois sentia muita dor no braço. Ainda segundo Gislaine, o caso possui indícios de tortura, abuso de autoridade, ameaça, lesão corporal e mais. “Lembrando que ele foi ouvido dentro da CPP (provavelmente coagido) sem a presença da Comissão de Direitos e Prerrogativas.”

Estado

No mesmo dia, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária informou que afastou o policial penal suspeito de agredir um advogado na Casa de Prisão Provisória, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O caso ocorreu quando o profissional iria atender um cliente que cumpre pena no local.

De acordo com nota emitida pela DGAP, o afastamento é de 60 dias, para apuração dos fatos. A Corregedoria Setorial acompanha o ocorrido. O órgão instaurou procedimento de sindicância para investigar o ocorrido.

Já a Polícia Civil informou que “todas as providências legais cabíveis estão sendo adotadas ao caso”. O nome do policia penal não foi revelado. Desta forma, não foi possível localizar a defesa do mesmo.

Abracrim emitiu nota

A Abracrim emitiu nota de repúdio sobre o ocorrido. Segundo a entidade, “o exercício da advocacia não se confunde com as supostas práticas ilícitas atribuídas aos seus constituintes, merecendo o devido respeito para com o ser humano profissional do direito, devendo ser mantida a dignidade humana em todas as relações exercidas do sistema prisional por seus servidores, respeitando assim as prerrogativas da advocacia para o exercício de suas funções”.

Nesta quinta-feira (25), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB), Rafael Lara, convocou advogados e membros da OAB-GO para se manifestarem em frente a Secretaria de Segurança Pública do Estado, em Goiânia.