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Perereca-de-capacete: cientistas descobrem espécie que vive no Cerrado

Espécie recebe nome em homenagem à personagem de Grande Sertão: Veredas

Cientistas descobriram recentemente uma nova espécie no cerrado, a Nyctimantis diadorim, pertencente a um grupo conhecido como “pererecas-de-capacete” por terem crânios fortemente ossificados. Trata-se da primeira espécie do gênero no bioma.

Segundo o professor e pesquisador da Rede Biota Cerrado (RBC), da Universidade de Brasília (UnB), Reuber Brandão, participante da descoberta, a Nyctimantis diadorim foi observada durante estudos de campo no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, em Minas Gerais.

“Quando investigadores vão a campo, buscam registrar todas as espécies presentes em um determinado ambiente. De modo geral, quando vamos a campo, avaliamos que ambientes existem no lugar, já que diferentes espécies podem ocorrer em diferentes ecossistemas”, revelou ao portal Correio.

A importância dessa descoberta

Para o professor, coletar plantas e animais por pesquisadores em estudos de biodiversidade e de conservação é essencial para o incremento do conhecimento biológico e para promover a conservação da natureza e a proteção da biodiversidade.

Quando um indivíduo de interesse é encontrado, por exemplo, essa perereca que os pesquisadores estão estudando, esse exemplar é coletado para estudos mais detalhados em laboratórios, museus ou coleções científicas.

“Museus e coleções científicas são essenciais para o estudo da biodiversidade! Sem essas instituições, todo o conhecimento que temos sobre as espécies do mundo se perderia, visto que precisamos saber a que organismo um determinado nome científico se refere. Se não temos museus e coleções científicas, onde cada nome científico está “ancorado” a um tipo exemplar, todos os nomes científicos deixariam de fazer sentido em poucos anos”, afirma Reuber Brandão.

Nyctimantis diadorim foi o nome escolhido para a nova espécie

“No caso da Nyctimantis diadorim, sabíamos que se tratava de uma perereca-de-capacete do gênero Nyctimantis, que agora possui apenas oito espécies conhecidas. O nome da espécie, diadorim, é uma homenagem à personagem Diadorim, do majestoso livro Grande Sertão: Veredas, do grande escritor João Guimarães Rosa”, explica o professor.

No livro, Diadorim é uma guerreira que, na busca por vingança pelo pai assassinado, percorre vasta região do cerrado, em Minas Gerais, na Bahia e em Goiás, no encalço do bando inimigo. Nessa complexa história de amor e tragédia, as belezas naturais do cerrado são lindamente descritas, inspirando a criação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, uma das joias da conservação do nosso bioma.

“Tal como a Diadorim do livro, a Nyctimantis diadorim também é uma guerreira elusiva, que luta pela sobrevivência em uma paisagem repleta de belezas e de perigos”, conclui o professor.