Perícia afirma que alteração na cena do crime dificulta saber se houve confronto durante morte de irmãos, em Trindade
Victor e Kaleb de Paula Araújo morreram após ação policial. Corporação alega que ambos mexiam com tráfico de drogas; parentes desmentem e dizem que os policiais já chegaram atirando
A Polícia Técnico-Científica (PTC) afirma que houve alteração na cena da ação policial que culminou na morte de dois irmãos no Setor Maysa II, em Trindade. De acordo com o perito criminal, Ricardo Matos, por esse motivo não é possível afirmar se houve ou não troca de tiros no local.
Além disso, ele ressalta que não é possível atribuir essas alterações aos policiais ou aos familiares das vítimas. Ricardo conta que a perícia foi realizada na tarde do último dia 06 de janeiro – dia do crime. Os dois jovens mortos foram Victor de Paula Araújo, de 21 anos, e Kaleb de Paula Araújo, de 18.
Segundo ele, os próprios familiares da vítima alegaram que entraram na casa para buscar documentos e alguns objetos. Entretanto, Ricardo ressalta que os policiais também vasculharam o espaço à procura de armas e drogas.
“O nosso trabalho é identificar qual a sequência dos atos que se sucederam até o final desse episódio. É importante ressaltar que não havia vestígios no local que indicasse que essas alterações foram propositais, com o intuito de enganar as investigações”, destaca o perito.
Com isso, Ricardo afirma que há outras formas de se encontrar a dinâmica do caso. Uma delas é o confronto das oitivas que foram prestadas até o momento com uma possível reconstituição do crime.
O delegado que investiga o caso, Douglas Pedrosa, afirmou ao Mais Goiás que, até o momento, está descartada a reconstituição do fato. “Até o momento, não temos o porquê de fazer isso. Estamos terminando de ouvir testemunhas e aguardando os outros laudos”, destaca.
Relembre a morte dos irmãos, em Trindade
Segundo o capitão Sérgio, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), os policiais foram recebidos a tiros e apenas revidaram. O policial também asseverou que Victor e Kaleb tinham mais de 20 antecedentes criminais. Além disso, afirmou que ambos foram socorridos com vida, mas não resistiram aos ferimentos e morreram no hospital.
Entretanto, um familiar das vítimas, que preferiu não se identificar, relatou ao Mais Goiás que os policiais já chegaram atirando. Além disso, eles alegam que apenas Victor teria envolvimento com o tráfico e que o Kaleb fazia faculdade à distância.
O parente também afirmou que os policiais impediram a entrada de pessoas na casa, lavaram o local, colocaram os corpos dentro de uma ambulância e, só depois, liberam o tráfego no local. E também rebateu que os jovens já estavam mortos quando foram colocados dentro da ambulância.
Diante de todo o imbróglio, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) pediu celeridade nas investigações sobre as mortes dos jovens e de morte de Breno Rodrigues Pires do Rego, no Jardim Goiás, em Goiânia, no último dia 2 de janeiro, que também morreu após ação policial.