Perícia encontra substâncias não permitidas em produtos estéticos em Goiás
A investigação teve início após profissional autônoma Betânia Lima Guarda ser internada na UTI do Hospital Premium
A Polícia Técnico-Científica encontrou substâncias não permitidas para uso em procedimentos estéticos em seringas para aplicação e produtos utilizados em pacientes em Goiás. A investigação apura complicações causadas em pelo menos sete mulheres que passaram por intervenções.
Entre as substâncias encontradas está lidocaína e nafazolina em amostras de seringas e produtos utilizados para procedimentos estéticos apresentados por profissionais. Apesar de os produtos estarem presentes nas amostras ainda não é possível inferir a responsabilidade pela contaminação.
A delegada Emília de Podestà, que investiga o caso, diz que ainda é preciso aguardar a quantificação para saber se a contaminação foi feita na indústria, de forma acidental, ou feita de forma intencional.
A investigação teve início após profissional autônoma Betânia Lima Guarda ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Premium, em Goiânia, depois de realizar um preenchimento no bumbum em uma clínica no setor Urias Magalhães.
Com isso, a polícia identificou outros seis casos: três em Aparecida, um em Goianésia, um no Mato Grosso e um no Paraná. A vigilância sanitária chegou a suspender a venda dos produtos analisado.
Contaminações
Os produtos analisados foram um frasco ampola de vidro com os dizeres “HARMONY volumizador e modelador da face”; uma seringa de 20mL contendo 11mL de substância não identificada; uma seringa de 20mL contendo 18mL de substância não identificada e duas caixas, lacradas, do produto Harmony – FILLER-CA (da Cosmobeauty), contendo, cada uma, três frascos ampola do referido produto.
O laudo aponta que o rótulo do produto presente no frasco enviado não relata a presença de lidocaína na sua composição, no entanto constava na análise. “Porém ressalta-se que o frasco do produto estava violado, não podendo garantir, assim, que a composição do mesmo não tenha sido adulterada”, aponta.
Enquanto a nafazolina, princípio ativo encontrado nas amostras contidas no interior das seringas encaminhadas, é um imidazolínico, substância vasoconstritora, e pertence ao grupo dos simpaticomiméticos, ou seja, atua estimulando o Sistema Nervoso Central (SNC), e pode causar complicações no sistema cardiovascular.
Já nas duas caixas lacradas do produto Harmony – FILLER-CA não foi detectado nenhuma contaminação.
Outro laudo analisou uma caixa, não lacrada, do produto Harmony – ID: 617062; duas caixas de papelão não lacradas, sendo uma do produto Harmony e uma caixa do produto Up Glúteos. Também foram encontrados lidocaína e nafazolina.
Nota da Cosmobeauty na íntegra
Desde o dia 29 de junho, quando foi veiculada a primeira reportagem envolvendo a Cosmobeauty, empresa que está há 23 anos na busca constante por inovações tecnológicas com desenvolvimento de produtos de alta performance, a marca dedicou o seu corpo jurídico para prestar os devidos esclarecimentos necessários em relação ao incidente envolvendo as vítimas, e se manteve também totalmente a disposição das autoridades e da mídia.
Ainda assim, também esclarece, conforme nota enviada a imprensa no dia 4 de julho que o produto InduMAX Fluido Dermo Bioestimulador e Preenchedor Filler-CA Harmony não deve ser associado a outros fármacos como Lidocaína, diferentemente do laudo que veio a público no último dia 13 de julho em que consta justamente o uso tanto da Lidocaína como da Nafazolina.
O frasco lacrado não consta nenhuma das duas substâncias.
A marca informa que não forneceu nenhuma amostra para teste, sendo que as amostras enviadas ao IML foram apresentadas pela revendedora, local após recolhimento com clientes. As amostras NÃO FORAM FORNECIDAS PELA MARCA, e sim por uma REVENDEDORA LOCAL, conforme consta no depoimento da representante.